
Quando eu era rato de Manhattam, a Pan-Am existia, o WTC era um recém-inaugurado elefante de vidro e aço, o prédio mais alto do mundo era a Sears, de Chicago, que desbancara, recentemente, o ESB.
Nada disso existe mais.
Quando eu era rato de Manhattan, de dois em dois anos, blocks inteiros iam ao chão e surgiam novos complexos. Se a gente ficasse mais de 3 anos sem ir, precisava da orientação numerada das ruas pra encontrar o que ficava pertinho e de repente ficou longe.
Enfim, o que quero dizer com isso é que nada é definitivo e que tudo se transforma. Daqui a pouco surgirão novas megas isso e aquilo pra vender novos formatos de mídia.
Não creio que em nenhum outro momento da história fonográfica tenha se gravado tanto com tanta qualidade tecnológica quanto hoje. E, se a Digidesign continua ativa, se a Neureman continua ativa, se a Stratocaster continua ativa, algo será feito - criado - para recompor a rede por demanda.
Não sei se vocês se lembram da década de 80, quando os CDs chegaram ao mercado e não existiam lojas especializadas. Não sei se lembram dos quiosque da Pro-Disc (finada), montados nos Postos da Rede Itaipava (finado), quando era proibida a propaganda de combustíveis (hoje liberada) e a de cigarros liberada (hoje proibida).
Hollywood - Ao Sucesso - era grife de moda, com loja até na seleta Prudente de Morais. E mais: em pouquíssimo tempo, redes de vinis como Gabriela, Adriela, Palermo e outras cerraram suas portas, deixando as majors com um prejuizo enorme e um encalhe maior ainda.
Como dizia o George, "All Things Must Pass" e assim não me surpreende nada disso.
Eu aprendi a dirigir num DKW Vemaguete e o Sinca Rallye era o meu sonho de consumo, via meu pai, claro. Vieram os Dart, os Chargers RT, os LTD e nada disso ficou. Porque tudo passa.
O problema, portanto, não me parece estar no ciclo de vida e morte nem na obsolescência, apesar da mídia digital ter sido a maior responsável pela mudança de hábitos em todo mundo e de forma horizontalizada, influenciando milhares de hábitos afins, mas na velocidade desta obsolescência. Isto sim, desestimula o empreendedorismo em áres de desenvolvimento de plataformas mecânicas e de projetos custosos.
Bem - porque esperto - fez o Bill Gates, que sacou isso faz tempo e passou o bastão. Não há Windows que dure como durou o 3.11. Não há DOS capaz de monopolizar os PCs. Foi. Iu. Não volta mais. O tempo está mais veloz e antropofagicamente veloz, sem ética, sem moral, sem respeito aos maiores nem aos mais velhos.
O presente a mim me parece um tempo completamente descartável e desprovido de memória no futuro, mesmo que próximo. Ninguém se lembra de 90% dos artistas dos anos 80 e 90 na Europa e nos EUA. Aqui, exceto pra alguns de nós e para a nossa obsessão por conhecimentos específicos, ninguém se lembra de Alinaskina, Lado B, Obina Shok, Kongo, Lord K, Urje, Valéria e Alma de Borracha...
O problema da mídia digital é e sempre será a descartabilidade e a ausência de catálogo - vide Cauda Longa. Já somos milhões e milhões a produzir pouco, diante de uma cabeça que produzia muito, faturava muito e que só por isso continuava faturando (catálogos). Daí meu pensamento na direção dos carregadores de mídia itinerantes que, a título de exemplo, são vans equipadas com centrais de fonogramas digitais dirigidas a eventos específicos, vendendo faixas para aquele momento. Num Rock in Rio, por exemplo, cabines de abastecimento com acervos de artistas do dia. No dia seguinte, quem sabe, metade daquilo vai pro lixo e uma nova recarga é aplicada, como no varejo de drogas pesadas.
Há que se criar, para que isso aconteça, uma estratégia inteligente e é claro que nada disso vai substituir as mega-lojas, mas quem está falando em mega-lojas aqui?
Elas voltarão, claro, eu acho, como eram as DISCOTECAS novaiorquinas da década de 70, reunindo tribos que cultuam vinis, agregando setores de alimentação, vestuário, games, cinemas (com download individuais ou nas salas de projeção) etc.
Enfim, eu lamento ter tão pouco de tempo vida, porque adoraria permanecer ao lado de vocês pra rir de tudo isso que estamos vivendo hoje.
É isso, por enquanto...rsssss.
Ouço "Teach me tiger", com April Stevens, quem se lembra?, enquanto desejo a todos TECF.
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