
O EMBARAÇO
O CAROÇO, O OSSO,
O BAGAÇO
PORQUE DO AVESSO
EU TIRO A RIMA
E DO VERSO,
O DESABAFO.
EU QUERO O SOL,
RETO, DE CIMA
NUM MEIO-DIA QUALQUER
DE DEZEMBRO
PORQUE O ÁLCOOL
QUE ME SACIA
EMBAÇA O POUCO
QUE AINDA ME LEMBRO
PREFIRO
O TIRO CERTO NO PEITO
AO RISCO
DE VIVER ACUADO
NAS TREVAS,
COMO UM POLÍTICO,
COM MEDO
DE SER ENCONTRADO
DO LEITO,
SÓ LEMBRO DA MORTE
DO AMOR, NADA SEI,
NEM PRECISO
E SE HÁ MOÇAS PRENDADAS
AO NORTE
CREIA, POR LÁ,
JÁ NÃO HÁ PARAÍSO
AMOR:
ESTRANHA PEÇA PREGADA
ENTRE O BONDE,
A LINHA E O ESTRIBO
FAZ SENTIR-SE BEM
QUEM RECEBE
E MAL,
QUEM DÁ, SEM RECIBO
FAZ-ME RIR
O DELÍRIO DA FEBRE
O TOM COBRE
DO BERÇO DA PAIXÃO
FAZ-ME REFLETIR
SOBRE A SORTE
DE ESTAR SÓBRIO E SÓ,
EM PAZ, SEM VÃO
EU QUERO
O RASTRO DA PÓLVORA
ABRAÇAR
O MEU PRÓPRIO CHEIRO
QUERO O COMPLEXO,
O COMPLICADO
O REVERSO DE MIM,
POR INTEIRO
EU QUERO O SOL,
RETO, QUEIMANDO
NUM MEIO-DIA QUALQUER
DE DEZEMBRO
DERRETENDO O ASFALTO,
FLAMBANDO
CONFUNDINDO O POUCO
QUE LEMBRO
ISSO É SÓ UM REFLEXO,
UMA VISÃO EMBAÇADA
PELA FUMAÇA FOSCA,
NO BLINDEX RAYBAN?
É UM PÂNTANO...
UMA EMBOSCADA?
OU SÓ MAIS UM BANHO,
PELA MANHÃ?
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