
E agora? Agora, ninguém sabe. Pelo menos ainda ou por enquanto. Há quem diga que CDs, DVDs e dólares valem tanto quanto um livro do Veríssimo. Ou tanto quanto um LP da Xuxa.
É (não) pagar para ver, sem o luxo de poder esperar a solução que de alguma forma virá. Afinal de contas, a música continua e os EUA não vão fechar as portas tão cedo quanto alguns imaginam.
A diferença, me parece, está na postura cooperativa do primeiro mundo em relação à economia norte-americana. Grandes bancos do Canadá e da Europa já decidiram liberar empréstimos - investimentos - trilhonários, para salvar o Bush e a sua sede insaciável de manter a guerra a qualquer custo.
A pergunta é: por que?
A resposta é: porque sim.
Porque a quebra do maior império econômico do planeta só beneficia diretamente os paises pobres, em desenvolvimento, nivelando a economia global por baixo e quem está por cima, detesta essa idéia.
O Brasil, pra variar um pouco, fora de todos os eixos, continua merecendo o apelido de 'Belíndia', um cruzamento satânico de Bélgica com Índia, e sai perdendo/ganhando, seja qual for o resultado da encrenca. Isso é a cara do Brasil, que é a cara do PT, que é a cara do Zé Dirceu.
O primo pobre do meu texto, a indústria fonográfica, não encontrou a mesma solidariedade e amarga perdas e danos incalculáveis. E não há saída, porque o futuro é irreversível e a tecnologia do futuro chegou ao presente, ou melhor, ao passado, pelo menos uns vinte anos atrás.
O som digital é o Bush do CD. Quando lançado, na década de 80, eu já sabia que ali estava o fim da era "disco". Não exatamente ali, no lançamento do CD, mas quando ouvi o primeiro DAT a fazer cópias digitais, uns poucos anos depois.
Quem pariu o "bush", que embale o "bush".
A música digital não foi boa pra ninguém. A não ser para os artistas que não tinham acesso a uma gravadora.
O PRO-TOOLS, o MAC e logo atrás o PC, democratizaram o direito de fazer música gravada e aí, sem dó nem piedade, a Internet fez o resto do serviço, derrubando as duas torres gêmeas.
Então fica assim: o Bush é a tecnologia digital e a Internet, o Bin Laden.
E como na vida real, ambos estão associados e dispostos a ir às últimas conseqüências.
Já o papel dos bancos ninguém ainda se aventurou a fazer, porque o Dólar ainda pode valer, de novo, bem mais do que um CD furado.
Quando ainda não havia o rádio nem o fonógrafo, as Editoras não eram editoras, mas veículos. Através delas é que as partituras viajavam conduzindo a música, divugando artistas e possibilitando maiores audiências.
Será que o cachorrinho do gramofone, que simbolizava a "voz do dono" está começando a correr atrás do rabo?
Bob Dylan não desce do palco há quase 20 vinte anos e, "Forever Young", aos 40 anos de 'carreiras' e de estradas, o nosso lendário Mick Jagger olha pela janela do escritório para o galpão abarrotado de enormes carretas, contendo palcos, luzes, cenários e efeitos e sorri como uma criança:
"It's our show: 54 trucks on the road!".
Nenhum comentário:
Postar um comentário