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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

domingo, 23 de maio de 2010

NITERÓI TEM, DE FRENTE PARA AS BARCAS, UMA ESTÁTUA DE ARARIBÓIA. NELA, O HERÓI ESTÁ DE BRAÇOS CRUZADOS E VESTINDO APENAS UMA TANGA: NÃO É, MAS PODERIA SER UMA INTERESSANTE LEGENDA: "EM BAIXO, O POVO DE TANGA. EM CIMA, O GOVERNO, DE BRAÇOS CRUZADOS".


E por falar em tanga, mesmo não fazendo parte do assunto, não posso passar batido: sábia a mulher que tira uma tanguinha vermelha e preta.


Dito isso, vamos em frente.


Acabei não descendo para o Rio. Tinha um pequeno trabalho a fazer por lá, mas a minha patroa furou.


Paciência. Fica para amanhã.


Pra hoje? Domingo?


É. Pode ser. Em determinados momentos da vida, a privada vai pro chuveiro e o escritório se torna itinerante.




Força das circunstâncias ou realidade do dia-a-dia? Sei lá, mas acho que o impasse - se é que há algum - não se estabelece no calendário, mas na disponbilidade ou na indisponibilidade de todos os meios, sem exceção, para que a gente possa cumprir o que combinou.


É desnecessário dizer que o "Brasil é o país dos feriados". Mas, exatamente por ser desnecessário dizer isso, eu digo, aliás, reafirmo, porque o falecido colunista Ibrahim Sued já dizia na TV e escrevia, em sua coluna no jornal O Globo, quando pintava um 'enforcamento' no início ou no final da semana.


Feriados, principalmente os prolongados, sempre foram ferramentas úteis nas mãos de governantes espertos. E de governados bobos, diga-se de passagem.


Desde a metade dos anos sessenta, por todos os anos setenta, até a metade dos oitenta, por exemplo, a ditadura dizia (ditava) o que sim e o que não, quando e de que forma as coisas aconteceriam ou deixariam de acontecer, no Brasil. E é óbvio que este poder valia para tudo e não só para o calendário em suas datas comemorativas.


Quem, com mais de quarenta e cinco anos, hoje, não se lembra das decisões arbitrárias que fechavam postos de gasolina às sextas-feiras e só os reabria nas segundas, pela manhã? E da obrigatoriedade de depósito compulsório para sair do país? E da exigência de pré-estréias exclusivas para censores, de peças e filmes previamente examinados pela censura federal? E da novela da Rede Globo, Roque Santeiro, que foi impedida de ir ao ar, depois de liberada, no dia da estréia? Os atos institucionais eram assinados pelos generais 5 estrelas e o autógrafo tinha força de lei, imediatamente.


A única instituição que vi e ouvi combater o autoritarismo dos governos militarres, durante este período, mesmo fazendo mais fumaça do que fogo, justiça seja feita, foi a igreja católica. Mas Don Helder acabou pagando o pato. Estrategicamente, diante da mais numerosa nação católica do planeta, não era lá muito interessante bater de frente com os abatinados de Roma. Apesar disso, a própria andou caçando os direitos políticos de alguns santos mais midiáticos. Revendo seus próprios conceitos usados na santificação de heróis e mártires, o Vaticano, em 1969, pelas mãos do general Paulo VI, destituiu de santidade nada menos que 200 santos, dentre eles, o mais popular e sincrético de todos: São Jorge.


Ok, se rola curiosidade para saber quem são os outros, vou avisando logo que não vou colocar nomes de 199 ex-santos, mas garanto que alguns deles são bastante conhecidos, como Santa Bárbara, São Cristóvão, São Lázaro e Santo Expedito, que não fazem mais milagres, desde que tiveram suas licenças caçadas.


E o mais engraçado nessa babaquice toda é que São Jorge não foi caçado por ter feito ou por ter deixado de fazer alguma coisa; por ter dito ou deixado de dizer. Sua culpa no cartório se explica em razão de sua fama e prestígio estarem diretamente atrelados à lenda que todo mundo conhece e que elenca, além da espada e das canções de Jorge Benjor, o dragão e a lua. Pára com isso.


Por outro lado, o governador do Estado da Guanabara, na figura de seu então papa Negrão de Lima, houve por bem caçar, não o santo, mas o feriado do dia 20 de janeiro, argumentando que a cidade maravilhosa fora fundada em 1º de março, de 1565 e não em 20 de janeiro, data comemorativa ao padroeiro da cidade.


A resposta demorou um pouco, mas não tardou tanto assim: exatamente no dia 20 de janeiro de 1966, abateu-se sobre a cidade o maior temporal de todos os tempos, incluindo-se este mais recente. Foram 3 dias e 3 noites de tempestade, sem parar um segundo.


E no carnaval do mesmo ano, o sucesso "Tristeza". de autoria do compositor Niltinho Tristeza e Haroldo Lobo, teve sua letra alterada para "Negrão, por favor vá embora / Guanabara que chora / Está vendo o seu fim / São Pedro briga e manda chuva todo dia / Já é demais o meu penar / Quero voltar àquela vida de alegria / Quero de novo votar".


Resultado: taí o feriado de volta.


Você pode até não se lembrar de todas essas coisas, mas de muita coisa você lembra, não é mesmo? Pois saiba que isso nada tem a ver com a relevância maior de um fato em relação ao outro e sim com o seu grau de esclerose.


Era de lascar o cano. Mas "ordis são ordis" e ai de quem discordasse.


O tempo passou, a ditadura também e a sensação de alívio com a restauração do Estado de Direito nos impeliu a chorar, cantar e dançar com Fafá de Belém e seus suculentos peitões. Celebrávamos todos a Nova Rés-Pública.


Em relação à eleição do Tancredo e à esperança - a olhos vistos - estampada nos braços erguidos de milhares de jovens, no Rock in Rio I, posso afirmar que pouco ou nada me sensibilizaram ou me moveram. Tanto sabia que era tiro n'água que deixei mensagem na minha secretária eletrônica, enfatizando que, infelizmente, apesar de não parecer, as coisas poderiam piorar.


Já escrevi isso aqui, mas vou repetir. Jamais fui a favor de governo militar, de militar no poder, não tenho e jamais tive, que eu saiba, sequer um militar na família, passei uma madrugada inteira numa famosa delegacia sendo interrogado por ter integrado o elenco da peça "Esquerda Festiva", de Heitor Pereira da Silva, mas ainda assim, eu sabia que poderia ficar pior. E ficou.


Não vou defender posicionamentos políticos, atacar o PT, o Lula, a Dilma ou o Serra. Meus votos são abertos e irão para o Gabeira e para a Marina Silva. Ponto final. O problema, como diz o Power Point que a Marcia me enviou ontem, está conosco, o povo. Nós escolhemos sempre o pior possível. Pelé, ao marcar o milésimo gol, no Maracanã, aproveitou a exposição na mídia, para alertar: "Cuidem das criancinhas do Brasil!"


Ahhhhhh... pra que?


Pelé, quanticamente, desdobrou-se e onipresenciou-se no céu e no inferno. No dia seguinte - nada de Internet, por favor... - os jornais estamparam suas manchetes com o Gol 1000, mas não deixaram de alfinetar o Rei, no que chamaram de 'demagogia'. De novo, o tempo passou e cá estamos nós diante da teoria de Heisenberg, na incerteza de sobreviver ou não ao próximo ataque de demência provocado pelo uso do crack. É impressionante a quantidade de crianças fumando crack pelas ruas do Brasil. E do mundo, sejamos honestos mais uma vez. Só mais uma, eu prometo.


Falta cultura, até mesmo para cuspir na estrutura, como cantava Raul. Eu me perguntava, à época, se havia entre nós, conjurados, um só 'homem danado', como interpretou Ary Toledo, para cercar o hospício ou cobrir o circo. E apareceram-me os críticos, alguns a citar equivocadamente, por sinal, Galileu, em meio à Inquisição: "pobre do povo que precisa de heróis". Mas, como alguém já dissera, 'este é um povo pobre (de cultura e de espírito) e, portanto, deve precisar de heróis', retrucava eu, em silêncio tenso. Além do mais, quem escreveu a famigerada (famosa, ok?) frase não foi Galileu e sim o poeta Bertolt Brecht.


Enfim, hoje, em maio de 2010, já não precisamos mais de heróis como antigamente. Celebridades e ex-BBBs dão conta do recado direitinho. Ainda assim temos uma dupla, ele com apenas nove dedos e ela - a dama de aço escovado - uma canastrona de marca maior. Por outro lado, o Serra, indicado para o papel de Mestre Yoda, não decola nem com o PSDB todo soprando de baixo. E, diante de um quadro político, no mínimo surrealista como o este, estamos na bica para as novas eleições e sabe-se lá quem é o pior para que o possamos eleger.


Meu voto na Marina não é um voto "cacareco", não é um voto "juruna" nem um voto "agnaldo timóteo" nem um voto "Clodovil".


"Seu voto na Marina, tenho certeza, é um voto consciente, analisado, observado, estudado e, portanto, um voto perdido, jogado fora. Essa aventura da Marina é tragicômica e o sonho dela, quixotesco. É um sonho de noite mal dormida", me dizem a toda hora. Tomara que não, respondo eu.


Particularmente, não espero nada do futuro presidente da república, seja ele o Serra ou a Dilma.


Nenhum dos dois vai tirar a saúde pública da UTI; vai investir na educação como se investe na corrupção endêmica que assola o Brasil; Todo mundo quer a Copa aqui. Eu também quero. Só não vejo como realizá-la sem quebrar o País. Volto no tempo à construção de Brasília e fico imaginando: tijolo, cimento, água... foi tudo por avião. E até hoje a Barra da Tijuca não tem esgoto. Não estou me referindo a uma Nibubu do Norte qualquer. Nem um nem outro vai desarmar o tráfico nem reformar o judiciário. Pena de morte, jamais, nem pensar. Direitos Humanos, sim, para os ex-caçados, perseguidos, banidos, bandidos, políticos ladrões, padres pedófilos, pastores estelionatários e empresários xxxxpertos. Tortura, nunca mais!


O povo, ou a parte mais esclarecida do povo, continuará a sua marcha underground em busca de respostas pontuais para problemas com metástases espalhadas pelo mapa inteiro. E os nobres deputados e senadores continuarão analisando a conveniência ou não de se aprovar ou não um Ficha Limpa aqui, outro ali.


Mas a grande maioria de nós vai continuar ali, pelas encostas dos 'Morros do Bumba', construindo e remendando casas e barracos, sobre lixões não só desativados, mas esquecidos, sem qualquer atenção ou obra pública, até que um outro temporal resolva o problema, mandando centenas de vidas, literalmente, pro lixo.


revertere ad locum tuum 


Aliás, os governantes de Niterói, dos últimos 20 anos, realmente merecem reeleições sucessivas ou intercaladas, não só para que possam ver de perto as conseqüências das merdas que fizeram e continuam fazendo, como para que se lhes condecorem com a medalha Papagoiaba, pela alta capacidade de destruir, compulsivamente, a qualidade de vida deste mui leal e heróico povo além ponte.


A verdade é que nós, brasileiros, não estamos entendendo é nada.


Não percebemos ainda que a única saída é a educação, como qualificação essencial para o exercício do trabalho. Esquecemos o preço da conta do "Milagre Brasileiro", dos tempos de "Brasil, ame-o ou deixe-o". E o pior de tudo é que estamos vivendo dias de ufanismo pra lá de parecidos. Há que se pensar sobre isso, antes de outubro, se possível, antes de cinco de outubro.


Apesar de tudo, está claro que ainda não nos conformamos com o fato de milagre ser privilégio exclusivo dos evangélicos e de que só os católicos detêm poder para enforcar alguma coisa: no caso, o pobre do Judas.


Finais de semana não foram feitos para ser enforcados. Nem mesmo quando o feriado cai na quinta ou na terça. É antipático dizer isso e nem tem feriado neste fim de semana... mas tem no próximo e pode apostar que vamos entulhar ruas e avenidas, viadutos e pontes, com nossos carros abarrotados de mochilas, pés descalços no painel, pranchas de surf na capota e duas ou três bicicletas penduradas na rabo... do carro, naturalmente.


Vamos sair de casa mais cedo para evitar o engarrafamento e aproveitar melhor o feriadão e para isso, foda-se se vamos bloquear as vias de acesso, na hora do hush, que nem precisam da nossa mãozinha, porque quem trabalha, normalmente volta pra casa a essa hora e o engarrafamento já faz parte do cotidiano.


Se não me engano é de Fernando Brant o verso de uma canção que sempre me marcou muito. Detesto MPB, música brasileira prêt-à-porter, sempre achei o Milton Nascimento um chato de galocha, mas esta estrofe é sensacional:


"Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil,
não vai fazer desse lugar um bom país!"



Xiii... esse papo enlouqueceu completamente, não acha não?


Calma, relaxa... eu vou, dou a volta, paro, bato um papo aqui, outro ali, mas fique certo de que eu volto.


Eu sempre volto.


Posso, ao voltar, não encontrá-lo mais por aqui, mas aí, paciência. É uma escolha sua e vou respeitá-la. Mas que eu volto, volto.


Sempre.


Não deixo texto sem final, nem que seja infeliz.


Então vamos lá. Eu dizia que talvez descesse hoje para trabalhar no Rio. Até aí tudo bem, só que mesmo sem a ditadura militar, mesmo com os ventos da democracia soprando com força, "forças ocultas" parecem não desistir de tumultuar a nossa ordem e o nosso progresso. E assim, mesmo que eu decida ir, ainda que sem dormir, estarei correndo um sério risco: o de não conseguir realizar nada direito.


Sabem por que? Simplesmente, porque não se trabalha aos domingos. Simples, não é?


Oooooops.... os restaurantes, os bares, os postos de gasolina, os hospitais, a polícia, os bilheteiros dos cinemas, dos teatros e mais um monte incontável de gente trabalha sim.


É verdade. Mas isso ninguém vê.


Quer experimentar?


Ligue para uma cooperativa qualquer, do Rio, em qualquer domingo, entre cinco da tarde e oito da noite, e peça um táxi. Se conseguir na hora, me mande o número, por favor.


E tem mais, os mesmos caras que acham que o domingo foi feito exclusivamente para o descanso reclamam do mesmo jeito, quando não encontram táxi ou quando se tocam que são sete e meia, mas a pizzaria já não entrega mais a essa hora.


Para ninguém dizer por aí que eu pirei e estou viajando a bordo de um ácido com prazo vencido, vou encerrar esta bagunça contando uma historinha real, da qual uns cinco ou seis amigos meus do Orkut e/ou do Facebook participaram.


Era uma quarta-feira e o burburinho na agência se evidenciava com o cair da tarde.


"E aí, vamos trabalhar na sexta?"


"Serginho, cumpadi, e aí, vamo enforcá?"


Enforca daqui, enforca dali, conversei com o meu então sócio - que também está no meu Facebook - e decidimos que eu convocaria uma reunião com todo mundo e que nela discutiríamos os prazos e os andamentos dos trabalhos.


Eu não falei muito. Pedi a cada responsável pelo seu setor que apresentasse a todos a sua agenda e que analisasse os dead-lines. A partir disso, que cada um resolvesse com seus funcionários, quem poderia enforcar e quem teria que ir trabalhar.


Usamos a lógica. Ninguém pôde argumentar contra os fatos e sairam, os "castigados", senão satisfeitos, pelo menos conformados com o não enforcamento.


Feriado na quinta.


Manhã de sexta-feira, 9 horas em ponto: todo mundo que tinha que ir estava lá.


Eu também, claro, fui, mas o meu sócio preferiu descansar em Secretário, onde ele tinha uma mansão. Nessas horas é que se estabelece, de verdade, a diferença na participação societária da empresa. Ele tinha 75% e eu, 25%. Mas, sarcasmos à parte, eu fui numa boa. Sabia que tinha que tocar a "fábrica" e fui lá pra fazer isso.


Onze da manhã: Adelir, diretor de arte.


"Serginho, liguei pra gráfica para saber se podia ir ver o 'chromalim' (prova rápida de impressão, menos eficiente que a prova de prelo, mas indispensável para a aprovação de um trabalho rodado em alta escala), mas ninguém atende".


Onze meia da manhã: Ana Paula, secretária.


"Serginho, liguei para o estúdio do fulano de tal (fotógrafo) para marcar as fotos para segunda, mas tem um recado na secretária dizendo que o estúdio só volta ao trabalho, na própria segunda".


Meio-dia e meia: Ronaldo (boy)


"Serginho, tá tudo fechado lá embaixo, vou procurar onde comer e talvez me atrase, ok?"


Meio-dia e trinta e cinco: Sergio Vasconcellos.


"Galera, muito obrigado a vocês que vieram, peço desculpas por tê-los convocado (num dia normal de trabalho), mas está todo mundo dispensado. Não temos como fazer nada".



3 comentários:

  1. Sei lá se entendi. Acho que não. Tem pelo menos aí uns 6 ou 7 assuntos misturados. Nem vou dizer quem sou porque você vai dizer tô sempre contra você, mas tô não.

    Sacanagem. O texto é genial.

    Beijo

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  2. Observação sobre o teu texto. Tristeza não é do Zé Keti. É do Niltinho Tristeza e do Haroldo Lobo.

    Amaury Santos.

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