Este perfil vale para o Ferro De Bog Blog e para O Caramelo Azul

Minha foto
Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

segunda-feira, 30 de março de 2009

NOW I HAVE THE TIME

Certa vez - faz uns 25 anos -, eu estava sentado na varanda da casa de uma amiga, na Barra da Tijuca, tomando um drink, beliscando uma coisinha ali, outra aqui, enquanto ela preparava um T. Bone Steak flambado ao champagne, acompanhado de arroz branco com ervas finas e amêndoas, vendo um vídeo de Rod McKuen.

Rod, que não sei se morreu, é ou era um dos poetas da geração "Beat" (final dos anos 50 e início dos 60) que na América eternizou a "Route 66" - estrada que já fez parte do 'U.S. Highway System' e que hoje é só uma estradinha michuruca - que levava motoqueiros e alcoólatras, de 'Frisco' para Los Angeles e vice-versa.

Dali, digo, da geração Beat e não necessariamente da Route 66 saíram poetas geniais, jornalistas brilhantes, mas, acima de tudo, grandes filósofos contemporâneos, como Jack Kerouak, William S. Boroughs, Allen Ginsberg e, na minha opinião, o melhor de todos: Charles Bukowski. Mas, Rod McKuen, como Leonard Cohen, não é ou era norteamericano, mas canadense.

Sua voz, igualmente grave, fazia um pouco mais do que encaixar versos numa melodia. Seu timbre absolutamente sensual e profundo aliterava todos os conceitos humanos num só: a emoção.

Para Rod, a emoção é o único sentido verdadeiro para a vida. Para ele, acima da emoção, só o prazer, em sua forma mais visceral e ardente: o orgasmo.

Era um apartamento construído e decorado para mim. Eu não morava nele, com ela, mas me sentia em casa. Sempre que ia lá - e ia muito - me sentia em casa de verdade. Uma sala bem espaçosa, dividida em planos, por três ou quatro degraus; iluminação indireta, vinda do chão, quadros minimalistas, livros de arte, diversas folhas enceradas com ilustrações eróticas em carvão, móveis retos e modernos, a maior parte assinado e premiado no exterior.

Da varanda, de costas para o mundo, privilegiadamente, via-se o enorme telão descido do teto pelo toque do dedo no botão do controle que ficava sobre a mesa da varanda. Havia, pelo menos, outros três, em diferentes pontos da sala. Tomando, inteira, uma das paredes havia uma enorme discoteca com mais de 6000 LPs, que incluía clássicos, dos mais famosos aos mais obscuros, óperas, todos os musicais da Broadway, o melhor do jazz tradicional, e do blues, de Mali até Memphis. Não tinha quase rock. Um Pink Floyd ou outro, nada mais.

O vídeo se passava num piano-bar e o cenário era a fumaça dos charutos e dos cigarros. Azulado, o ambiente revelava um piano Steinway, daqueles de cauda inteira e pedais suspensos. Nele, o poeta dedilhava poucas notas, deixando o silêncio entrecortar palavras e tons. Jamais encontrei este vídeo para revê-lo.

Era por volta das 11 da noite. Eu bebia, excepcionalmente, um Dimple, sei lá quantos anos, e fiquei completamente arrepiado com uma canção que se chamava "Now I Have The Time".

Now I have the time
to take you riding in the car
to lie with you
in private deserts
or eat with you
in public restaurants.

Now I have the time
for football all fall long
and to apologize
for little lies and big lies
told when there was no time
to explain the truth.

I am finished
with whatever tasks
kept me from walking
in the woods with you or leaping
in the Zanford sand.

I have so much time
that I can build for you
sand castles out of mortar.

Midweek picnics.
Minding my temper in traffic.
Washing your back
and cleaning out my closets.
Staying in bed with you
long past the rush hour
and the pangs of hunger
and listening to the story of your life
in deadly detail.
Whatever time it takes,
I have that time.

I’d hoped that I might
take you traveling
down the block
or to wherever.

I’ve always wanted
to watch flowers open
all the way,
however long
the process took.

Now I have the time
to be bored
to be delivered
to be patient
to be understanding,
to give you
all the time you need.

Now I have the time.
Where are you ?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Passaram por aqui, desde 14/12/08.