
Noite de sexta-feira. Garganta meio inflamada. Frio, apesar da noite estrelada e, pela primeira vez, em 5 anos, posso dizer que meu cafofo, aqui, em Petrô, tá ficando do jeito que eu queria: funcional. Quem freqüentou minhas casas sabe que eu sempre vivi e dormi e acordei entre aparelhos de som, vídeo, informática, emaranhados de fios, mídias de toda espécie, amontoados de LPs, CDs e livros. Livros, sim. É proibido proibir.
Inúmeras folhas de caderno, rabiscadas com desenhos horríveis de plantas deformadas pela minha total falta de talento para o desenho, depois, e, por isso mesmo, amassadas e jogadas ao chão, aleatoriamente - é verdade: antes de arrumar qualquer coisa, eu sempre provoco, deliberamente, o mais absoluto caos ao meu redor, para que eu me livre da perigosa preguiça, que me induz a achar que já está bom ou que posso deixar o resto para depois - cheguei a uma planta bastante razoável que, como eu disse, visava, em primeiro lugar, à funcionalidade.
Não funcionou.
Um erro básico de matemática simples fez com que a poltrona que uso no computador não tivesse o espaço necessário para que eu pudesse afastá-la para trás, ao me sentar ou me levantar. O motivo: os braços da poltrona. Ao fazê-lo, o móvel se chocava contra o sofá que atende à demanda pelo Home Theater ou Theatre, dependendo de de onde se origina o equipamento.
Na Europa eles usam Theatre e na América, Theater. Já perguntei a um monte de gente e ninguém foi capaz de me explicar o porque.
Para quem não imagina, moro num conjugado amplo para um homem normal, mas não para alguém como eu, que tem uma quantidade absurda de cacarecos. Assim, a última folha do caderno foi para o lixo e recomecei tudo do zero.
O armário duplex, que cheguei a usar como divisória, atravessado, para criar o conceito de sala e quarto voltou para a parede. Recuei o sofá longitudinalmente, encostei minha cama na sua parte posterior, passei a estante de livros para o canto da janela, à frente do blackout que protege meu sono, trouxe a enorme mesa de trabalho mais para a "sala", arranjei espaço para aproximar e afastar a poltrona e assim, quase todos os meus problemas se resolveram.
Nem todos.
Meu apartamento começa com um corredor, como quase todos os apartamentos desse tipo começam. Este corredor tem duas portas: a da mini cozinha e do a mega banheiro. Indo além, desemboca na razoável área retangular, onde vivo meus dias de reflexão, blues e rock'n'roll, essencialmente.
Aluguei este apartamento por estar mobiliado. Daí, o grande móvel, estilo Memphis, aliás como todo resto, servir como solução para os quase 300 LDs que mantenho intactos, cerca de 800 LPs que remanescem, apesar das vendas e doações que volta e meia faço, "caixas" de múltiplos CDs e alguns objetos decorativos, porta-retratos etc.
Nunca fui bom de acabamento. O importante pra mim é que a arrumação funcione e assim, claro, alguns fios continuam atravessando o chão, como nos estúdios de gravação improvisados. É verdade. Posso dizer que vivo num estúdio doméstico improvisado, com o básico para pós-produção, mixagens e até, pretenciosamente, masterização. Tenho oito caixas, incluindo um sub-woofer, compondo o Home Theater ou Theatre, dependendo de de onde se origina o equipamento.
Na Europa eles usam Theatre e na América, Theater. Já perguntei a um monte de gente e ninguém foi capaz de me explicar o porque. Mas, para trabalhar nas canções dos Eltonjohns - existem muitas que vocês ainda nem conhecem - eu uso os monitores instalados no PC.
Agora falta alocar cadeiras, lavar a louça empilhada na pia da cozinha, lavar o banheiro e jogar fora o que não presta mais. O chão está varrido e limpo. Hora de descansar um pouco, comer uma batata inglesa com molho de estrogonofe, beber uma Coca Zero pelo gargalo e ver um pouco de TV.
Tenho visto anunciar, a Globo, que hoje é a estréia de Amor & Sexo. Não sei se é com & que se escreve, não reparei, mas eu prefiro assim e vou usar assim.
Detesto estas novelas que só mostram gente má, gente sofrendo, chorando o tempo todo. O tal do "Caminho" está terminando e isso é bom. ´Dá tempo pra tomar um banho, lavar umas cuecas debaixo do chuveiro, uns pares de meias e voltar à nave.
Faço isso e dou de cara com um cenário muito próximo daquele que o Serginho Groissman consagrou há mais de uma década. Parece que a moda pegou mesmo. E é muito boa, aliás. O velho e preto e branco "Ready, Steady and Go", na década de 60, já usava este modelo e funcionava muito bem.
Cenário bacana, espaçoso. Não é aquela coisa meio clautrofóbica do próprio "Altas horas", que amontoa músicos, platéia e convidados, sem um mínimo de conforto, sem profundidade de campo. Nesse ponto, apesar de serem sempre bregas, os programas da RAI dão um show à parte. Eles usam o fundo infinito e a iluminação com muita competência.
A maior expectativa, a bem da verdade, era em relação à beleza e ao desempenho da Fernanda Lima, a meu sentir, muito gata e dona do charme mais coloquial da televisão.
Estava linda, colorida, à vontade, espontânea, simpática, bacaninha, tipo brother, sem 'cantar' o texto, sem afetações e abusando deliciosamente da "língua do TU", típica dos povos gaúcho e petropolitano.
Petropolitano só fala TU.
A melhor maneira de identificar quem nasceu aqui e quem veio pra cá é o TU. Se disser TU, você elimina todas as possibilidades naturais e fica só com essas duas.
Os convidados para a estréia foram bem escolhidos e corresponderam. O quadro strip quiz precisa de ajustes urgentes. Não funcionou. se fossem dois participantes menos carismáticos teria sido um fiasco, com certeza. Mas, passou batido.
A produção cuidou direitinho do programa e a idéia (mote ou gancho) é interessante.
Pena que passou do timing.
O programa foi bem até dois terços da sua duração.
Dali por diante se tornou banal, óbvio, previsível, mesmo com o uso de "repórteres de terceira idade", fazendo perguntas a gente bem mais jovem, sobre sexo, usando expressões mais ousadas que as de costume. Isso foi bacana. Mas perdeu a liga.
O final foi meio qualquer nota, assim como a "bandinha" do Léo Jaime, como assim se referiu a ela, a própria Fernanda, no começo do programa.
Aliás, todas as "bandinhas", da que toca no Faustão à que detona o "Altas Horas", todas são sempre muito ruins, desafinadas e incompetentes. Não incluo o sexteto do Jô Soares, porque aquilo não tem tradução.
E eu me pergunto o que o Léo Jaime, mais gordo do que eu, barbado, com cara de imundo, está fazendo lá, participando com três ou quatro frases feitas e cantando "Severina Xique-Xique"?
O Léo, por quem jamais nutri qualquer simpatia, muito pelo contrário, minha experiência pessoal com ele foi a pior possível, no estúdio do Bola*, em Nogueira, mas a quem respeito pela inteligência inegável, está se prestando a um papel ridículo e dispensável, demonstrando não ter qualquer grau de auto-estima.
Sinceramente, qualquer pessoa no lugar dele, até o garçon imbecil do Jô, faria o que ele foi fazer ali e melhor, por ter uma aparência mais adequada a um programa que se chama Amor & Sexo.
Em resumo, Fernanda Lima atendeu, salvo o horroroso, apesar de altíssimo, scarpin roxo, igualzinho ao que usava "Tia Matilde", nas revistas em quadrinhos do Pato Donald, às minhas expectativas. Ponto pra ela.
E pra mim, que arrumei a casa.
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