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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A HORA ME TROUXE ATÉ AQUI

São 4 e 44. Da manhã, é claro. Estou no Rio, desde segunda e mesmo que não tenha conseguido fechar nenhuma delas, abri várias portas. Não adianta. Eu sou vira-lata, sou da noite, da madrugada. Sou do sereno, da geada, da solidão interplanetária. Não é poesia. Ou é? Sei lá. A idéia não é poética e sim prosaica.


Faz tempo que não venho aqui. Nem para ver como andam as coisas, as palavras... aliás, vim. Faz um tempinho. Vim para trocar umas fotos, eliminar uns posts que não acrescentam e fui embora sem nada escrever.


Dormir, não consigo. O Mengão não deixou. Jogou com raça, com atitude, com vontade de vencedor, mas não tinha jogado assim aqui no Maraca, quando era pra jogar e aí dançou. E dancei junto. Fico imprestável quando o Flamengo perde. Já me perguntei, já me perguntaram, mas não sei responder. Sei lá, mas eu acho que é mesmo uma questão devocional. Eu não sei se escrevi isso aqui, mas não custa nada repetir: eu não escolhi praticamente nada na minha vida. Não que eu tenha me frustrado com as escolhas que me fizeram por mim, mas ainda assim não fui eu. Quer ver só? Eu não escolhi o meu nome. Não escolhi o meu pai nem a minha mãe. Lá no Lar de Frei Luiz até podem me dizer que sim, que faz parte da reencarnação. Mas não me consultaram. Aí vem o Brasil. Eu também não escolhi ser brasileiro nem carioca. Não escolhi o Lula. Jamais votei nele, mesmo sem ter nada pessoal contra ele. Teria sido um voto fake. Sei que vai dar encrenca, mas acreditem: eu não escolhi nenhuma de minhas mulheres. Até escolhi duas ou três namoradas e errei feio na escolha de pelo menos uma. Mas isso não faz diferença. Afinal de contas, se a gente escolhe e não quer mais, devolve: tá resolvido. Pensando melhor, nem a pessoa que mais amo na vida,  meu filho, eu pude escolher quem seria. Escolhi o nome, o padrinho, a educação pra dar a ele, as noções de ética, de caráter, mas isso é outra coisa.


Sabem o que eu escolhi? De verdade? O Flamengo, a Mangueira e são Judas Tadeu, claro, influenciado pelo Mengão, mas foi escolha sim. E tenho certeza de que são pra sempre. Isso explica um pouco, pelo menos? Tomara.


Mas, como eu ia dizendo, o relógio marcava 4 e 44, da manhã, é claro e vim até aqui. É impressionante como vem gente a este meu cantinho, mesmo que eu não escreva nada. Eu agradeço sensibilizado, embora lamente um pouco - não muito - que os comentários sejam tão raros. Até entendo: a maioria não quer mesmo se expor. É aceitável, mas dá uma certa sensação desértica, não dá?


É verdade que não escrevo para ser lido, embora eu escreva para quem me lê. Eu escrevo para não enlouquecer, para não morrer de ódio, de raiva, para driblar o tempo, me distrair, mas não escrevo para ser lido. Sinceramente. Acho que se assim eu fizesse, naturalmente seria mais politicamente correto. O bacana no convívio social é gostar de todo mundo, tratar todo mundo bem, manter o sorriso sólido e os dentes bem escovados. Eu não faço isso. Quem aqui me lê, me vê. Sabe o que penso, quem sou, seja para o bem, seja para o mal. Não ligo para o que vão dizer nem para o que vão pensar, porque isso não vai recuperar a economia da Grécia nem vai desarmar o Irã. Isso aqui é só emoção.


Ao entrar, hoje, às 4 e 44, da manhã, duas pessoas me liam. Aí pensei que seria legal se elas esperassem um pouco para, pelo menos, ler um post mais moderninho. Não sei se permanecem. Não posso escrever e olhar, mas gostaria.


Estive mal de saúde durante a semana toda. Não sei se fui mordido por inseto, por alguma aranha, enquanto dormia, mas acordei com algumas picadas abaixo do ombro, tive febre, dores musculares intensas e muita sede. Como não sou de ficar doente nunca, parei pra olhar, mas foi embora. Ficou aqui, em mim, uns dois ou três dias, mas foi. Deve ter sido um veneno qualquer de um bicho desses ou, até quem sabe?, o meu próprio veneno, que não cheguei a destilar.


Os tempos têm sido difíceis, amargos, agudos. A chance de deixar a cabeça livre para produzir um texto minimamente aceitável tem sido nenhum ou quase. A Marcia é um amor de pessoa, mas eu não tenho retribuído à altura. Ela tem me suportado ou procurado me suportar - nos dois sentidos mais clássicos da palavra que são dar suporte e aturar - mas eu nem eu mesmo tenho me suportado muito ultimamente.


Não é caso de polícia nem de terapia. É normal. São fases ou faces, sei lá. Não ando de bem comigo. Acabei de compor uma canção em parceria com o Celso Fonseca e ficou linda. Estamos começando um projeto pra lá, muito pra lá de audacioso, consegui aparar as contas vencidas, mas nem isso nem nada tem me feito decolar como antes. Acho que é a idade, o tempo vivido, a velhice. Acho que perdi o pique, o tesão pelos cantinhos do porão. Eu ando precisando de cobertura, de piscina, som na caixa, papos na madrugada, grana no bolso, uma ida a Nova York, um jantar no Antiquarius, mas, para reencontrar esse rumo, eu preciso voltar ao porão, matar os ratos, varrer a poeira, limpar os móveis, os armários velhos e é exatamente isso que não estou com o menor saco de fazer.


Eram 4 e 44, da manhã. São 5 e 19, da manhã, naturalmente. O tempo passa, mas é mais que o passar do tempo. É o passar da vida. Isso é muito chato. Envelhecer é insuportável. Podem dizer o que quiser. Eu mesmo digo que sou melhor hoje do que era quando tinha vinte e cinco anos de idade e é verdade. Mas, e daí? Pra que serve mesmo, essa melhoria? Digo, e também é verdade, que as mulheres ficam muito muito muito mais gostosas depois dos quarenta, mas e daí?


O sono não vem, então vou tratar de subir a serra. Talvez vá, pegue um cheque, descanse um pouco e volte. Pintou um trampo e preciso faturar. Quando se é profissional liberal, se não se tem um trampo, se está desempregado. Então, vamos ver. Taí o post. Não é o mais otimista deles, não elogia o momento nem é bom presságio para o futuro. Mas me conheço.


Sou assim mesmo, desde que me conheço. Estou começando a virar o jogo, mas ainda não é o momento. Preciso, antes, expurgar, vomitar, cuspir tudo que me trouxe até aqui, de bom e de ruim, para então renascer do zero.


Aí sim, vou ao porão, faço a faxina e volto pra celebrar.


   

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