"Fomos muito felizes, mas não o bastante para continuarmos juntos". Bastante é o tipo da palavra meio ridícula, que parece querer dizer exatamente o que não diz. Quanto à "satisfação", já foi.
"Obrigado", no entanto, é uma palavra que a mim me soa ainda mais estranha dentro ou fora de qualquer contexto. "Aceita um cafezinho?".
Obrigado é o chavão que aparentemente resolve tudo: o sim e o não. Mas, será um agradecimento? Mesmo? Ou será uma obrigação ao agir com educação? Sou ou não sou obrigado, estou ou não estou obrigado a dizer obrigado, se não me considero na obrigação de agradecer?
Nada de errado com o procedimento formal, não fosse a antipática outra versão da palavra. Quantas vezes eu fui ou me vi constrangido, e por isso obrigado a dizer obrigado, sem querer. E, em quantas destas vezes eu disse isso puto da vida com a minha ou com o meu protagonista?
A obrigação é uma espécie de tortura cultural, atávica, encardida na nossa educação. Nos obriga ao sentimento da gratidão, mesmo por algo que muitas vezes nem queremos nem precisamos nem desejamos ou, pior, abominamos. Obrigado traz a maldade do peso da culpa. Talvez fosse melhor não agradecermos, já que não temos mesmo a obrigação.
"Você quer um xícara de chá de boldo?"
"Não, muito obrigado".
Ora ora, minha senhora
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