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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

terça-feira, 8 de junho de 2010

MINHAS COPAS DO MUNDO

Todo mundo sabe que sou Flamengo. Flamengo até morrer.


Não importa o time que entre em campo, se for composto por craques guerreiros, tudo bem; se for um time de bondes, mas guerreiros, também está ótimo.


Ser Flamengo está acima de tudo e de todos, inclusive de gênios, como Romário. Ser Flamengo é um estado de espírito, uma verdadeira experiência cósmica, única e, portanto, esplendorosa. Incomparável.


Lembro que certa vez, em Manhattan, uma senhora numa loja me perguntou: "Where you from?" e eu respondi "Flamengo".


A quem não é Flamengo só fica restando mesmo uma alternativa: ser anti-Flamengo, o que considero uma atitude aceitável, perfeita e até natural.


No entanto, este post não é sobre o Flamengo. Seria enfadonho falar sobre todas as minhas vivências rubro e negras, ao longo dos meus 55 anos de glórias e de alegrias indescritíveis


Por isso, resolvi escrever sobre as minhas Copas do Mundo. Um tema sem graça, eu sei, mas oportuno em razão dos poucos dias que antecedem mais uma.


As Copas são sempre um torneiozinho furreca, de tiro curto e poucos vencedores. O Brasil, país do Flamengo, é claro, venceu mais do que os outros, vindo a Itália, que é sempre bom lembrar, contou com o futebol de Junior, Zico e conta com o futebol de Julio Cesar, craques que nasceram vestindo o manto sagrado vermelho e preto, em segundo lugar.


Além destes, sempre rolam as esperanças argentinas, as espanholas, as holandesas e inglesas, que morrem nos pés ou nas cabeças dos pragmáticos alemães. E mais nada. O resto, tipo França, Uruguai e Pertugal são zebras, pra não dizer, cavalinhos paraguaios.


Minha primeira Copa foi a de 58, porque ao nascer, em 54, o mundial já era e, portanto, dele não posso falar. Mas o de 58 sim, eu tinha 4 anos e lembro que meu pai comprou pra mim, embora ele abrisse os pacotinhos e colasse as figurinhas com goma arábica, o álbum que se chamava "Titulares". Em cada página, uma Seleção e para cada Seleção, duas figurinhas carimbadas e uma bem mais difícil, que era a "chave".


Não lembro quem era a chave do Brasil, mas tenho certeza de que Bellini era uma das carimbadas. Do time, que eu poderia pegar no Google, mas não vou, lembro de parte: Gilmar, De Sordi, Djalma Santos, Didi, Nilton Santos e, claro, Pelé...


Também não me recordo de nenhum jogo, nem das comemorações. Lembro, sim, de um balão enorme, mas muito grande mesmo, lindo, que caiu na minha frente, repleto de bandeirinhas do Brasil, em todo o seu bojo, e de uma enorme bandeira brasileira embaixo


Eu morava no Grajaú, na Av. Engenheiro Richard, no sexto andar de um prédio que tinha visão panorâmica para toda a cidade, chegando à baía de Guanabara, e ao lado de dois terrenos, sendo que um deles dava lugar a uma horta e a um pomar lindos, de propriedade de um homem importante, tanto na política quanto no futebol do Rio de Janeiro: Moacyr D'Ávilla. O outro, de esquina com a Rua Canavieiras, era um terreno baldio, cobiçado pela Construtora Nova York, famosa pelo seu totem retratando a cúpula do Empire State Building.


Com certeza, minha paixão pela Big Apple nasceu daquela imagem. Um dia perguntei o que era aquela torre de igreja e minha mão me mostrou um livro com imagens de Manhattan.


O balão caiu praticamente apagado no imenso terreno baldio e não foi difícil para os garotos mais velhos do que eu, capturá-lo sem muitos rasgos. Não havia perigo de incêndio, os bombeiros não saíam confiscando os balões e eu mesmo, depois de alguns anos, acabei me filiando ao BAMP - Baloeiros do Andaraí, Modéstia à Parte.


Até hoje adoro balões enormes.


Lembro que eu meu pai pegávamos o carro durante as madrugadas e saíamos atrás dos gigantescos, simplesmente para vê-los cair. Certa vez, saímos dos Grajaú e fomos parar quase em Búzios. Só nós, não. Uma caravana de baloeiros apaixonados. Essa, talvez, seja a minha única face saudosista: a de fã dos balões de verdade.


Quem teve a oportunidade de freqüentar as festas juninas, do Country Club Novo Rio, lá no "final" da recém-aberta e não concluída Rio-Santos (Avenida das Américas) sabe exatamente o que estou dizendo, quando falo de balões lindos. Os do "Chave de Ouro", no Meier, também eram o bicho, assim como os de Maria Graça, São Gonçalo, e claro, os do "BAMP".


Na Copa de 62, eu estava no segundo ano primário do Instituto Massena-Dídia Fortes, que ficava na Rua Almirante Cochrane, 40, na Tijuca, quase em frente à Cultura Inglesa e exatamente, aliás, no mesmo endereço em que eu voltaria a estudar, quando fui fazer o pré-vestibular, no Curso Helio Alonso. Ficava bem próximo ao famosíssimo posto Berilo Neves, do Touring Club do Brasil.


Por falar em Touring, os "plásticos" do Touring, como eram chamados os adesivos naquela época, eram disputados aos tapas e trocados a peso de ouro, entre os colecionadores, por outros, menos "raros", como os do Dinners Club, dos Classificados JB, da Auto-Modelo ou do "Dia do Revendedor" Texaco.




Em 62, também, a seleção de basquete, com Amaury, Sucar, Rosa Branca e tantos outros craques tornou-se Bi-Campeã mundial, no Maracanãzinho e eu estava lá.


Foi uma vitória emocionante aquela do time do Canela, por 85 x 82, contra os estados Unidos.


Também foi em 62 que ganhei de presente meu primeiro radinho de pilha transistorizado. Um 'Spica', que fez o maior sucesso na sala de aula. A "Tia" Liane Maria Prunzel não só permitia que a gente ouvisse os jogos do Brasil, como tentava explicar, com o devido jeitinho, como o rádio funcionava, sendo tão pequeno, sem fios e sem uma antena daquelas enormes de TV.


Foi uma Copa encantada, movida a grandes emoções para o bem e para o mal, como aquela do chute do Pelé e a conseqüente distensão na virilha, narrada, às lágrimas, por Jorge Cury, no jogo contra a Tchecoslováquia, que terminou 0x0.


Amarildo entrou no lugar dele, fez 2 gols e depois da Copa, é claro, ele virou o meia-direita do meu segundo time de botões, que era o da seleção brasileira. O primeiro, claro, era o do Mengão, formado por Mauro, Joubert, Vanderlei, Luís Carlos e Jordan; Carlinhos e Gérson; Joel, Henrique, Dida e Jair.


Enfim, a Copa de 62 já foi uma Copa mais perceptível pra mim, com 8 anos, e batendo uma bolinha no futebol de salão do Grajaú Tênis Clube, sob o comando do técnico Helio Moreira ou do "Tio" Carlos, como lembrou bem o PC Guimarães, velho companheiro de GTC.


Bi-Campeões mundiais e cheios de marra, fomos para a Inglaterra, em 1966. O comentarista da Rádio Globo e jornalista Ruy Porto era meu padrinho de Crisma. Prometeu me mandar uma "lembrança" daquela Copa e mandou mesmo, logo depois do nosso terceiro jogo: um cartão postal de papelão vagabundo, com a figura do leãozinho Willy, mascote oficial da Inglaterra, com a seguinte frase brilhante: "Meu afilhado querido. Perdemos esta Copa, mas não as outras duas que já havíamos ganho. Beijo do padrinho, Ruy Porto"


Confesso que fiquei emocionado com as palavras criativas do Ruy. Tão emocionado, que rasguei o cartão e o joguei no lixo.


Em 66, tudo parou pelo menos uns 90 dias antes de a Copa começar. As emissoras de TV transmitiam diariamente de dentro da concentração brasileira, o dia todo, houvesse ou não houvesse treino.


Lembro que os malucos convocaram nada menos que 43 jogadores, sendo que grande parte já estava em final de carreira e não agüentava um pique de 100 metros. Até o Paulo Henrique, medíocre lateral esquerdo do Mengão estava lá jogando com a amarelinha. Outro caso ridículo de desorganização da CBD foi a convocação enganada de Ditão, também do Flamengo, quando na verdade, quem deveria ter sido chamado era um outro Ditão, o do Corhintians. Mas tudo bem, não deu em nada mesmo.


Estávamos eu, meu pai e minha mãe, em Teresópolis, ironicamente, na Granja Comari, na casa de amigos, passando uns dias. Voltamos exatamente na tarde em que jogavam Brasil x Bulgária. O nosso carro era uma Vemaguette cinza com teto pérola, placa 158392 e o rádio no painel era um Auto-Union, original, alemão, importado pela VEMAG.


Aliás, poucas pessoas sabem que a VEMAG foi a primeira montadora de automóveis do Brasil e que sua sigla significava: Veículos E Máquinas AGrícolas. Mas isso é outra história.


O fato é que quando estávamos passando pela Praça da Bandeira em direção ao Grajaú houve a falta que o Pelé bateu e fez o primeiro gol. Outra falta, já no segundo tempo, Garrincha bateu e outro gol. Mesmo contra a insignificante Bulgária, a Seleção Brasileira não passou de um 2x0 medíocre. Mas o pior estava por vir. E veio. Perdemos de 3x1 os outros dois jogos das oitavas, para a Hungria e depois para Portugal, com Pelé sendo caçado em campo e saindo machucado mais uma vez.


Eu tenho a impressão de que foi esta derrota para Portugal que decretou o tri, no México, em 70. Pelé sabia que seria sua última Copa e sabia, apesar de isso não ter grande repercussão, que não "ganhara" nenhuma das 3 Copas que disputara, como o Romário ganhou a de 94, nos EUA. Na de 58, com apenas 17 anos, fora coadjuvante, na de 62 saíra contundido no segundo jogo e, em 66, fora o fiasco que todos vimos.


E veio a Copa de 70. Em plena ditadura militar, com a troca do comunista João Saldanha pelo "mauricinho" Zagallo no comando.


Algumas imposições populistas na convocação, como a do Dario, mas sem oba-oba e com a seriedade imposta pelo "Rei".


Meu pai era o presidente do Grajaú Tênis Clube e esta foi a primeira Copa televisada, ao vivo, via satélite. Montamos um mega auditório no salão térreo da sede velha do clube, colocamos uma TV "Directa", da Philco e lá íamos nós, jogo após jogo, comemorando cada vitória, checando a posição de cada um no bolão, cujo mapa gigantesco fora instalado numa das paredes do restaurante, junto ao bar, na entrada do GTC.


Alguns dos jogos, no entanto, eu assisti na casa da Vera, no Lins, na Rua Raul Barroso, ao lado de uma galera fascinante. Ali começou minha amizade com a Angela Ricciardi e, em seguida, com o Jacinto Henrique, o Marcelo Quintaes, Maria Helena, Zé Luis, Sergio Ricardo, Marize, Vania, Vanda e tanta gente boa que guardo no coração até hoje. A nota trágica ficou por conta da morte do pai de um dos nossos amigos, inexplicável e inaceitável até hoje. 


Entre o Lins e o GTC, lembro bem que eu e mais alguns amigos, como o PC, Amaury, Cesar, Fernando Pequeno, Zé Luiz Arbex, nos aventurávamos em atravessar o Túnel Rebouças para ir comemorar as vitórias no Leblon, sempre lá, no então único, velho e ótimo La Mole, da Dias Ferreira. Território presidido pelo nosso querido e memorável Jesus, o garçon mais sábio do mundo.


A gente era adolescente, mas vivia perambulando pela Zona Sul do Rio. Zona Sul com maiúscula, sim senhores e senhoras. Zona Sul de Ipanema, do Zepelin, da Biba, do Zero, do Jangadeiro, do Barril, do Cabral e de tantos outros points. Mas era lá, no La Mole, que a gente levava as namoradas. E mesmo que cada vez fosse com uma diferente, o Jesus se mantinha o mesmo amigo cordial e galanteador: todas - uma de cada vez - eram "lindas, maravilhosas e mereciam o máximo de atenção", aos olhos dele. E quando a gente estava duro, não tinha problema, podia mandar ver que ele, Jesus, pagava a conta do próprio bolso e depois a gente acertava. Um dia, o Mineiro, ex-garçom e recém-promovido a gerente, descobriu a nossa "jogada" e fez questão de abrir uma conta para a galera do Grajaú, que vivia lá, pelo menos umas três ou quatro vezes por semana. Em vez de aliviado, o Jesus triste, mas seguimos em frente. 


Depois dos 4x1, na final contra a Itália, no entanto, não rolou La Mole nenhum. Eu voltara da casa dos amigos, no Lins, onde rolou a tal tragédia e, triste, não tinha vontade de ir a lugar algum. Mas depois de muito papo, acabei topando e aderi. Acabamos no meio do caminho, horas, mais horas e mais muitas horas engarrafados dentro do Túnel Rebouças, a bordo ou não, dos Jippes do Bedeu, do Arbex, do Viola, do Julio Careca, do Celso... caraca, acho que todo mundo tinha Jippe naquela época, no Grajaú.


A Copa de 74 foi esquisita. Dela me lembro muito pouco. Acho que nada. Não foi um período marcante. Eu tinha começado a namorar a Christina, já estava na faculdade, a música rolava em primeiro plano e acho que as reuniões pra tocar com Claudio Caribé, Marcio Montarroios, Bebeto, Paulo Moura e um monte de monstros sagrados, trazidos pelo Carlinhos Galego, às segundas-feiras, foram mais significativas. Lembro apenas que Jairzinho e Paulo Cesar perderam gols feitos e que o Zico tinha ficado de fora da convocação. Passional que sou, devo ter riscado essa Copa do meu calendário por isso. Sei lá.


A de 78 já foi uma outra história. Vimos o Brasil entrar pelo cano, alternando a audiência dos jogos entre as casas do Luisito (pai da Christina), do Mafra e, se não me engano, do Armandinho, em Jacarepaguá. Sempre enxarcados de scotch 12 anos, churrasco e som na caixa.


Quando não era assim, os fins de noite, invariavelmente, eram nos melhores restaurantes do Rio. O Ragout, o Antiquarius e o Castelo da Lagoa eram figurinhas fáceis naquela época de Puma GTS, Passat GT, grana no bolso e faculdade a noite.


Lembro que pra mim e pra Chris, boate era de terça à quinta. Sem papo de sextas e sábados. A gente saía todas as noites e voltava pra casa com o dia amanhecendo. Por diversas vezes o Luis, pai dela, ao nos ver chegando, comentou, brincando, que a gente precisava chegar um pouco mais tarde, porque cedo a gente já chegava todos os dias. A Chris fazia Direito na UERj, também a noite. Vida boa.


A Copa de 82 foi aquele vexame. Quinto lugar, com Zico, Sócrates, Telê e companhia. Eu tinha acabado de terminar um namoro com uma outra Cristina e estava querendo me matar de paixão.


Lembro que o Brasil ganhara um jogo, sei lá contra quem e que eu estava torcendo contra, só para não ver ninguém feliz por perto. O Cesar, que me aturava o tempo todo, quase perdeu a paciência e saiu na mão comigo. Foi uma fase muito engraçada. Eu escondi o carro dessa namorada na garagem da casa da Chris, no Grajaú, e disse que não ia devolver nunca mais. Um merda federal, com direito a entrar com o Puma pela fachada do prédio da moça, quebrando o Blindex todo. Um escândalo que foi parar na polícia. Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.


Menos a seleção brasileira que nadou, nadou, e como o América, morreu na praia.


Não faço a menor idéia de como foi a Copa de 86. Só lembro que o Telê, mais uma vez - e o Zico, o Sócrates, o Falcão, o ... - provaram que nasceram para perder, como diz a canção do Ted Daffan, magistralmente gravada por Ray Charles.


Em 86, eu ainda estava trabalhando na Artplan, às voltas com outra paixão, num relacionamento mais maluco ainda - hoje, somos grandes amigos - com uma ipanemense chamada Kenya. Por causa dela, com certeza, este foi o meu período de gandaia mais agudo, trocando de namoradas e de casos de dois em dois dias, tentando esquecê-la e, claro, sem sucesso.


Mas pode não ter sido bem assim que a coisa aconteceu. Talvez isso tenha ocorrido antes de 86. Não lembro direito, mas como o assunto é Copa, não faz a menor diferença.


A idade é cruel. Não consigo localizar esse tempo e por isso não sei se eu já estava casado com a Sandra. Sei lá, só sei que logo depois fui trabalhar na Tribo da Comunicação, onde fiz outros grandes amigos, dentre eles o queridíssimo Ariosto Amado.


Da Tribo, fui para a Mental Mark, onde trabalhei com o Falcon e com o Claudio. A Mental, memorável, foi a maior faculdade de propaganda, de marketing e de vida que cursei.


A Copa de 90. Teve copa em 90? Nem sei. Acho que foi a copa do Lazaroni, não? Não tenho lembrança de coisa alguma, a não ser de que já estava praticamente casado com a Carla e morando na Rua Itabaiana, no Grajaú. Foi lá que recebi do meu pai e do Helio Carvalho, a notícia da morte do Guilherme, guitarrista do Mosca Varejeira, minha banda de blues, e da sua recém-esposa Ana, num desastre horrível, na Barra da Tijuca.


De 94, lembro bem. Eu já era sócio da Raven10', ao lado de Marcos Saboya. A agência ia de vento em popa. Foi a primeira Copa do Victor, meu filho, então com 1 ano de idade, e a Copa do Romário, que trouxe o caneco sozinho, mesmo que a turba não concorde. Em 94, decoramos a casa, fizemos festa, mais pelo Victor do que pelo Brasil. Aliás, se a geração nascida em 70 só veio a ser campeã mundial, aos vinte e quatro anos, a do Victor, de 90, já ganhou duas vezes e não tem muito o que esperar agora, em 2010.


Não há mais Romários, Ronalinhos, Gansos nem Neimares ou novidades interessantes  na seleção brasileira.


Para a decepção que rolou - não minha - na Copa de 98, eu fiz uma canção, gravei-a e distribuí por E-mail. A Openlink era quem me provia o acesso à internet e ainda levávamos horas para transmitir um arquivo de 1 mega, em formato RM. A letra dizia mais ou menos assim: "Perdemos a Copa, e da cara do Zico eu nunca vou esquecer / Perdemos a Copa, e o Zagallo, coitado, o que vai dizer?".


Em 2002, já separado da Carla, assisti à copa de dentro da piscina, na cobertura do Rio2, ora ao lado do Victor, ora ao lado sei lá de quem. Foi um tempo também de transição e turbulência total na minha vida. Além da separação, perdi minha mãe, em 2000, saí da Raven10', estava trabalhando na Wox, com o Toni Varella, o Pedro Paulo e o Bruno. Andava meio perdido, meio sem rumo, reencontrando a Claudia Amorim, a Kenya e a Clarita, de vez em quando.


Foi nesta época que comecei a compor de verdade, com o Carlinhos Michelsen, gravando no Estúdio Harres, em Nogueira. Pouco vi daquela Copa do Mundo, com atenção. Lembro do Rivaldo jogando muita bola, do Ronaldo arrebentando, de gente que soube como jogar e vencer uma competição de tiro curto, depois de quase não ter conseguido a classificação, nas eliminatórias.


Não tenho certeza, mas acho que uns cinco treinadores passaram pelo cargo até o Felipão dar um jeito naquela bagunça. Eu lembro do Vanderlei Luxemburgo, do Candinho e do Leão, pelo menos. Aquilo foi o improvável que deu certo. Mas deu.


A Copa de 2006 foi um circo. Eu já me dividia entre Petrópolis e Niterói. Namorava a Virgínia. Praticamente morava lá, na rua Santa Rosa e foi de lá que vi a maioria dos jogos. Acho que os primeiros, no apartamento da mãe dela, vizinha de porta, e os outros, sim, na casa dela. No dia do jogo contra a França, um pouco antes, saímos para comprar não sei o que, no Centro de Niterói e enquanto a moça entrava numa loja da Caçula, ali quase em frente às Barcas, eu ouvia o Jorge Nunes comentar pela Rádio Tupi, que ele achava impossível o Brasil vencer o jogo, em virtude da zona que reinava nos intestinos da seleção.


Dito e feito. Roberto Carlos, coitado, se abaixou para levantar o meião, saiu o gol da França e ele, a exemplo do Luiz XVI, pagou o pato, depois de o Luiz XV ter comido o pato, comprado pelo XIV.


Brasil fora.


Aliás, fora do Brasil quase um time inteiro, incluindo o próprio cantor romântico que, apesar da idade, ainda joga e chuta muito. Mas CBF e Seleção são assim mesmo: Copa sim, constrói-se um bordel, copa não, um quartel.


Finalmente, 2010. O ano do quartel, do time medíocre, dos jogadores sem brilho, sem estrela, sem carisma, sem um pingo de criatividade. É claro que o Kaká está machucado e mais óbvio ainda que vai jogar a Copa à meia bomba, mas isso é papo pra falar depois.


Se não acontecer e o bonitinho trouxer o Caneco, azar o nosso, porque a era Dunga vai se perpetuar como o PT, no governo da Seleção.


Ainda bem que sou Flamengo. Vou assistir a tudo, calmo e tranqüilo, feito água de poço. Se der, ao lado da Marcia e, quem sabe, no Parador Santarém? A pedida é ótima e segundo dizia o Neném Prancha, "quem desloca, recebe; quem pede tem preferência".

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