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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

EU JURO QUE TE CONTO TUDO, MARCIA.

Uma vez escrevi uma canção que chamei de "Eu juro", cuja estrofe final diz assim:

"se um dia, eu der de cara contigo, na lua ou em qualquer lugar, eu juro que te conto tudo que passei, até te encontrar".

Era uma canção bem simples, cuja melodia tinha um pouco a ver com a do lado B de um compacto do Terry Jacks. Nada muito especial, a não ser a letra que era bem confessional. Eu tinha uns vinte e muitos anos e andava meio no lado do avesso sob o aspecto emocional, mas nada catastrófico.

Lá pelo meio da poesia musicada, eu ainda dizia: "eu tenho andado sozinho e distante, mas penso sempre em chegar. Meus modos são maneiras errantes, mas assim mesmo eu vou tentar". e aí, sim, emendava com a estrofe que escrevi acima.

O tempo passou, eu tocava esta canção no violão e o Carlinhos Michelsen, meu parceiro musical, me perguntou se podia fazer uma nova melodia pra ela. Eu concordei e ele foi embora levando a letra, manuscrita, num pedaço de papel.

Passadas algumas horas, já no estúdio onde estávamos gravando o CD "Paulo Veiga", ele pegou o violão e começou a tocar a "nova" música. Fantástica, exatamente como eu a teria feito se soubesse. Imediatamente eu disse "vamos gravá-la".

Arranjamos um menino que estudava piano clássico, no Conservatório de Música e pedimos que ele tocasse algo bem complicado. Ele escolheu um tema clássico, de cujo autor não sei mesmo, mas que aparece na abertura dos desenhos do Pica-Pau e nós adoramos aquilo. Em seguida, ao sair do piano e abrir a porta, o ruído da dobradiça, característico das portas de estúdio, fez o link que eu precisava para unir uma melodia a outra. E assim gravamos "Eu juro".

Esta canção não fala sobre o encontro com a pessoa imaginada e sim sobre a busca desta pessoa. Você pode ouvi-la aqui mesmo, no player dos Eltonjohns. Basta clicar no título e ela vai tocar pra você.

Pois o motivo de eu hoje estar escrevendo este sei lá o que (artigo, post, texto) é o prazer estranho de dizer que a tal canção cumpriu o seu ciclo e já pode se aposentar tranqüilamente, porque eu encontrei, finalmente, depois de dezenas e mais dezenas de esbarrões, a pessoa-chave da canção que compus há cerca de 25 anos.

Isto não significa, sob nenhuma hipótese, que este encontro está destinado à eternidade. A cada dia mais, me parece que só mesmo os diamantes são eternos, mas o amor e a paixão, mesmo que com prazo de validade relativamente curto, pode muito bem ser prorrogado ad eternum e aí sim, chegando à morte, inexorável, tornar-se inextinguível.

Pois eu dei de cara com a Marcia e não foi na lua e nem em qualquer lugar. Foi numa sala de chat, depois no MSN e depois em Petrópolis e depois em Niterói e depois no Grajaú e agora... bem, agora é aqui, ali, em qualquer lugar.

Não sei o que será de nós, se vamos nos ajustar ou nos desajustar; se vamos nos contagiar ou nos dissipar, mas isso não nos cabe avaliar agora. O importante é o já, o "demorô", o "já é" e, pelo que tem sido, será.

A Marcia é uma mulher como sempre a descrevi sem conhecê-la naquela canção oitentista. Não resisto e reproduzo mais um trecho da canção, porque dela faço fragmentos deste texto lúdico e ao mesmo tempo apocalíptico... rsssss.

"A vida passará num segundo e o mundo nem perceberá, que a gente indo ao futuro, tenta entender o que não vai dar. Meus olhos brincam com as estrelas, passeiam nas constelações. Por eles, eu deveria vê-las, sem ligar para o que já passou".

Esta é a síntese. É exatamente isso. As histórias vividas no passado, mesmo que recente, não servem para absolutamente nada do que é presente. Acho que foi Mario Quintana quem escreveu que "a experiência é um automóvel, cujos faróis iluminam pra trás". Se não é literalmente isso é mais ou menos isso. E ele está certo.

O grande ou o maior problema dos relacionamentos atuais, quando já se é cinquentão, é a bagagem que cada um traz nas costas. O peso dos anos, as agruras dos casamentos passados, as brigas, os litígios, as partilhas, tudo isso é um saco.

A gente não precisa de nada disso e nem mesmo das heranças positivas. O que se tem que fazer é começar a escrever uma história, nem nova nem velha, nem revista nem ampliada, mas uma história única, a quatro mãos, a quatro pernas, a dois corpos, regada a bons vinhos, blues, Búzios e Rock'n'Roll.

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