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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

RÁDIO PRA MIM NÃO É CACHAÇA, MAS É COCA-COLA ZERO

Em 81, eu estava em NY, andando pelas ruas do Village, em busca de um LP que tinha ouvido no lobby do Roosevelt Hotel, sem descobrir quem tocava. A voz claramente me parecia a do Joe Jackson, mas a sonoridade não. Era um som meio Big-Band, meio jazz, que aliás não é o meu forte, muito diferente do que eu aproximaria de qualquer trabalho do bom Joe.


Caminhando pela Three West, em direção a Prince Street, de repente dei de cara com um sebo pequeno, ou melhor, estreito, mas profundo como um corredor da morte - que não sei se é profundo assim, mas imaginar não custa nada - e ninguém na porta. Entrei e fui caminhando. Não sei se posso dizer que havia ali milhares de discos, fitas cassette, de rolo, 78 RPMs, singles e posters. Talvez o mais correto fosse dizer "milhões", porque realmente era muita coisa.


Mais ou menos na metade da loja, um cara, com um sax na boca, solava junto com a música. Eu aguardei o final do set e perguntei que disco era aquele. Sem dúvida era o mesmo que eu ouvira no hotel. A resposta veio sem surpresa: Joe Jackson.





Recém-lançado, o disco não estava à venda ali, mas o rapaz me disse onde encontrá-lo e lá fui eu.


Enquanto isso, no Rio, o Luiz Antonio Mello deixava um recado na minha secretária eletrônica.


Vale lembrar aqui que Alexandre "O Grande" jamais usou a pólvora em qualquer de suas batalhas, até porque os chineses só a inventariam séculos mais tarde. Da mesma forma eu ilustro o episódio da secretária eletrônica, sem "bip", com uma pequena grande ajuda.


Regularmente, por telefone, minha mãe checava, a meu pedido, os recados e os repassasse para mim. Como já era tempo de voltar, esperei o vôo e assim que cheguei, liguei para o telefone gravado. Assim nós começamos o projeto da Fluminense FM.


O Luiz antonio era o dono da bola, junto com  Samuca Weiner e o convite caiu como uma luva. Eu já havia feito alguma coisa para a rádio Cidade, para a JB e fiquei super a fim. Nosso encontro foi casual e se deu por ocasião do assassinato do Lennon, em 80. Eu fui à vigília, no Jardim de Alá e o LAM foi cobrir pela Rádio JB. Eu estava sentado com o Marcio Braga, conversando e o Luiz veio colher uma palavra dele. No entanto, generoso e educado como sempre, o Marcio me passou a bola e nem sabe ele que ali estava nascendo, a bem da verdade, a "Maldita".


Ter feito parte daquela equipe foi fascinante e inesquecível, mas se por um lado foi uma paixão, por outro terminou como as paixões mal resolvidas. Apesar dos múltiplos relatos sobre o verdadeiro motivo da minha saída, ele permanece trancado a 7 chaves e nem valeria à pena tocar neste assunto agora. O que passou, passou e nada deixou cicatriz. Somos como irmãos, eu e o LAM e temos certeza de que escrevemos, pelo menos, um parágrafo na história do rádio no Brasil.


O resto não importa, a não ser o fato de que fazer rádio está no meu sangue, na minha alma, mais até do que fazer música e muito, muito, muito mais do que fazer propaganda, marketing ou coisa parecida.


Eu sou o que o Beni chama de radiota, aquele cara que liga o rádio e fica olhando pra ele, como se dali fosse sair algo mais além do som. Mas confesso que nunca fui fã de FM. Minha natureza é totalmente AM, minha escola foi e continua sendo o Adelzon Alves, o Paulo Moreno, o Haroldão, Waldir Vieira, Washington Rodrigues e outros tantos deuses da latinha.


Da Flu fui para a Estácio, mas antes de ser a rádio Universidade. Eu fiz o projeto e saí, por não aceitar fazer concorrência à Fluminense. Depois voltei à Maldita, em 85 e ainda passei um tempo na Panorama, além de ter feito dois programas para o Maurício, na Imprensa.


Meu período radiofônico tinha tudo para terminar quando me despedi dos ouvintes colocando uma rádio-novela da Nacional, dos anos 50, chamada "3 Homens Sem Medo". E esses 3 homens podem perfeitamente ser retratados por mim, pelo Maurício Valladares e pelo Carlos Mayrink.


Junto com o Mayrink e mais uma turma finíssima, apresentando "Os Vizinhos Que Se Danem (ou... podem chamar a polícia)", vivemos deliciosas madrugadas. Lá, em Nilópolis, eu tive o prazer de entrevistar gente como Marcello Nova, Liminha, Ed Motta, Elza Soares, João Barone e mais um monte de gente. O programa ia pela contra-mão da rádio e eu sabia que, desde o primeiro, meus dias estavam contados, exatamente porque o dono da rádio - gente finíssima -, não cedia, por um lado, e eu não cedia, pelo outro.


Até que durou muito. Um ano e um pouquinho, mas valeu. Além de grandes amigos fiz o que mais gostava: um rádio alternativo, mas popular, ao mesmo tempo.


Voltar ao rádio não fazia mais parte dos meus planos. Primeiro, porque o rádio acabou; segundo, porque a música perdeu a própria identidade; terceiro, porque a gente nem tem mais o prazer de dizer que "aqui não tem JABÁ". Até o jabá dançou na crise fonográfica.


Eu venho tentando me encaixar aqui e ali, ora como músico, publicitário, consultor, ora como produtor e até professor. É verdade, eu dei aulas na Escola Superior de Propaganda e Marketing por uns bons quatro anos. Enfim...


Depois desta terrível crise de coluna, voltei ao Rio para fazer um monte de coisas, inclusive namorar um pouco, porque também não sou de ferro. Mas, entre convites para vernissages, peças teatrais, balés e shows de rock, não é que o Mayrink me aparece no Facebook com um papo de rádio na Internet?


Olha, eu nunca fui adicto de nada. Nem de álcool nem de drogas leves ou pesadas, mas sei exatamente como se sentem os irrecuperáveis junkies de qualquer natureza.


Foi só eu ler o post do Mayrink e em menos de dois minutos estava perguntando pelo telefone: "tem lugar pra mim, aí?"


O Mayrink teve celeiro grajauense e quem viveu no Grajaú não diz não. Jamais.


Comecei então a pensar sobre como fazer um programa que não abandonasse o meu estilo de fazer rádio, mas que não revisitasse o passado já morto e enterrado.


Comecei a pensar em nomes. Fiz uma lista e o mais fácil, claro, foi "Maldita Hora", que é o truque mais baixo do ego, ou seja, levar a gente para o conhecido, o já vivido. Fiquei tentado, pelo lado irônico do jogo de palavras, mas ainda bem que descartei. Segui pensando, escrevendo e acabei lembrando de uma brincadeira que eu fazia com o meu filho na hora de dormir. A gente se deitava e ficava de barriga pra cima, olhando tudo que tinha no quarto dele. Eu apontava, ele entendia e juntos dizíamos em coro, batendo com a mão no colchão, nos intervalos: "TETO - TUM TUM TUM - PAREDE - TUM TUM TUM - TAPETE - TUM TUM TUM - LUSTRE - TUM TUM TUM - ABAJUR - TUM TUM TUM - JANELA - TUM TUM TUM - CORTINA - TUM TUM TUM..."


E como a gente sempre terminava no rádio que ficava em cima da cômoda branquinha, final era sempre  mesmo: "RADIONOR - TUM TUM TUM - RADIONOR - TUM TUM TUM - RADIONOR - TUM TUM TUM - RADIONOR - TUM TUM TUM".


Por uns bons minutos dei uma viajada, lembrei de como foi gostoso ter participado intimamente da infância do meu filho e o quanto isso, hoje, o deixaria feliz. Pera aí, isso o que?


Isso mesmo. Isso, o nome do programa, a vinheta de abertura, tudo ser exatamente assim, como já foi um dia, mas só que só nós três sabíamos: eu, ele e a mãe, que, por sinal, não achava a menor graça e perguntava se a gente não achava que estava fazendo muito barulho naquelas horas da noite.


Eu sabia que todo mundo ia querer saber o que é que RADIONOR tem a ver com programa de rádio, então me preparei para responder perguntando se Rádio Cidade é nome de rádio? Estava decidido e só uma pessoa poderia embarreirar o nome do programa: claro, o dono da Rádio Vitrola.


Não acredito que o Mayrink tenha gostado muito do nome, mas tenho certeza de que ele está convencido de que nome é coisa que pega ou não pega. E, modéstia à parte, eu sou bom de fazer pegar.


O Keith Moon, falecido baterista genial, do Who, uma vez perguntado sobre o que achava do nome Led Zeppelin, respondeu que com um nome daqueles a banda do Page e do Plant, do Bonhan e do Jones não ia decolar por nada nesse mundo.


Comecei então a produzir a vinheta, seguindo o mais fielmente possível a história do "RADIONOR". Aliás, como lembrou muito bem a Marcia, o nome "FERRO DE BLOG BLOG" é um caso idêntico, que descrevo e explico aqui ao lado.


Peguei a canção do Queen mais badalada na face da Terra e tirei o som da caixa (tarol), acrescentando mais um som de bumbo. A canção é aquela mesmo "We Will Rock You", que eu até anteontem jurava, sei lá porque, que era "Will we rock you", uma verdadeira animalidade anglo-saxônica, mas fazer o que, além de assumir?


O TUM TUM PÁ virou TUM TUM TUM e agora é só pedir ao Beni que grave pra gente o coro nos intervalos. Sem dúvida, como gimmick sonoro é um achado e acredito que vá responder na boa.


Assim está nascendo o "RADIONOR", um programa que pretende se comunicar com quem gosta do absurdo, do desconhecido, do inusitado, do realmente alternativo, mas ao mesmo tempo, de cultura, de bons papos, de elegância e de bom-gosto. Meu primeiro detalhe artístico é sempre o estético, seja na música, na mulher, na roupa ou no rádio.

O resto dá-se um jeito.


Ouçam a www.radiovitrola.net do meu amigo Mayrink e, a partir de sexta que vem, prestigiem o RADIONOR.

O Victor vai ficar muito feliz.




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