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Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

domingo, 6 de março de 2011

AS VIDAS REAIS ESCONDIDAS NA REDE SOCIAL

A vida, ironicamente, também é uma farsa de Ben Johnson. Não aquela, desmascarada, do atleta dopado - e daí a ironia - mas a farsa do dramaturgo inglês, contemporâneo de Shakespeare e, na minha opinião, tão interessante quanto o Billy.

Eu diria que viver é uma experiência 'bionívoca' - um portmanteauzinho, meio sarapa, que mistura biônica com biunívoca - onde o princípio e o fim partem, ao mesmo tempo dos dois extremos para encontrarem-se no meio... social. Ou melhor, no centro mais fétido e pusilânime da vida: a sociedade.

A mim, este me parece ser o grande mistério mágico da coexistência social, porque não importa o tempo, não importa o quanto e nem como vivemos ou gastamos nossas vidas nessas redes, sejam físicas ou virtuais. 

Eu sei que é confuso. Não parece confuso. É confuso e o objetivo deste post é mesmo mostrar a enorme confusão que se forma, quando a ida e volta se chocam num feed de notícias, normalmente irrelevante.

Imagine-se, por exemplo, simultaneamente, a bordo de dois trens que trafegam pela mesma linha em direções opostas. É óbvio que eles só irão se cruzar uma vez, mas o local e o momento, ninguém sabe. Afinal de contas, um deles pode vir mais devagar, o outro pode enguiçar, mas desde que cumpram seus destinos irão se cruzar em algum ponto da estrada de ferro. E aí, boom!

Esta ideia me leva a concluir que a única mágica da existência humana consiste na ilusão do tempo, ou seja, na esperança de que o destino é o alvo, quando não é. O fim da linha não é o destino, mas o ponto de encontro, quando o eu que vai do princípio encontra o eu que vem do fim.

Assim eu vejo - e não peço a ninguém que assim veja - as redes sociais, os casamentos, a complexidade de todas as religiões, culturas, fés, crenças e tradições familiares. Tudo é finito e banal. Tudo é nada e nada é capaz de impedir esse momento, que alguns ilustram como ritual de passagem. Eu prefiro chamar de "Morte em Vida". Já, Khrishnamurti, o chamou de "A Grande Nostalgia".


É como se fosse o momento exato em que o ego toma a porrada fatal da realidade que vem da morte. E a ilusão de poder se esvai e se dissolve na paisagem que passa apressada pela janela. E daí? Daí que a ambição tropeça no dormente torto e o sonho sai do trilho.

Não, não estou bêbado nem drogado.Apenas estou brincando de dizer o que penso e isso se parece mesmo com um ato de loucura. As pessoas - não todas, claro - a bordo de suas naves sociais parecem flutuar num tapete mágico, desembestado, sem leme e sem freio.


A glamourização do oba oba, as fotos manipuladas, os vídeos, veiculados com a incrível missão de fazerem parecer que tudo é verdade; as frases feitas, a sensação fake de que está tudo sempre indo muito bem criaram um universo paralelo de ficção nada científica, mas bastante psicológica.

Ao contrário do que possa parecer, embora eu, pessoalmente, odeie esse nirvana pictórico, nada tenho contra as redes sociais, para quem curte, é claro. Assim, como nada tenho contra casamentos. Muito pelo contrário, estou no quarto e aprendendo sempre. Muito menos tenho qualquer coisa contra Deus, embora discorde de Galileu - ou terá sido Einstein? - em relação a Ele jogar dados com o universo. Acho que joga, sim. E se diverte, vide as mais loucas religiões que a cada dia mais pregam Jesus na cruz.


Quem viu "Volpone" ou leu o verdadeiro "Alquimista", sabe: tá tudo lá, na obra de Ben Johson. E posso assegurar que é tão divertido e perigoso lê-lo quanto viver esses dias de patrulha e big brother.

Tenho o maior respeito, o maior carinho, por todas as queridas; por todas as amadas e por todos os amados, que me mandam beijos no coração, que me convidam para jogar Farmville ou que me propõem uma viagem ao Nepal para uma rave daquelas. O Facebook é um circo de marimbondos, mas é interessante, porque lá a gente revê gente bacana, da melhor qualidade, que não via há 20, 30, 40 anos.

Gente que não conheço, gente que conheci no universo paralelo e que tive a oportunidade de privar da maior intimidade. Mas este é o trem que vai.

No trem que vem, vem a contrapartida, posto que os canalhas também envelhecem.

Curtir, brincar disso, dar ludicidade ao tema, com ironia ou não, sim. Mas comprar um ticket pra viajar nessa bobagem de que a minha, a sua, a nossa presenças aqui tem qualquer significado importante para o que sentimos uns pelos outros, jamais.

Um beijo lá dentro, bem no centro do coração de todos vocês.

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