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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

domingo, 23 de janeiro de 2011

MINHAS PECHAS E MEUS APODOS

De certas pechas eu fujo, como o diabo da cruz. De outros apodos, não. Não me importo. Ao contrário, fazem parte da minha personalidade, talvez nem da personalidade, mas do estilo que cunhei em mim para encarar a vida.

Umas delas é a que afirma que eu julgo pessoas, situações, circunstâncias, tudo enfim. E é verdade. Eu julgo mesmo. Conheço uma mulher que quando se sente observada, em tom quase desesperado diz: " Está me medindo? Não me meça não!"

As mulheres, principalmente as mulheres, odeiam ser julgadas, medidas, mesmo que o julgamento seja completamente inconseqüente e pessoal. Talvez seja uma forma de defesa. Talvez sintam-se invadidas ou mal-interpretadas, como se todos nós, o tempo todo, inclusive elas, não nos julgássemos uns aos outros.

Mas esta história não passa pelas mulheres que conheço. Passa por um amigo, aliás, por dois amigos e por um comentário. Comentário esse, aliás, que considero altamente elogioso, mesmo que tenha sido feito em tom de queixume.

Não é inédito nem moderno. Desde sempre tenho colecionado sentenças condenatórias sem reclamar.

Insuportável, polêmico, insubordinado, arrogante, petulante, transgressor, imodesto, convencido, cínico, irônico, debochado, sarcástico, "se acha", "pensa que é o tal" e por aí vai... eu me divirto. Muito, por sinal.

Sei que sou nada disso e sei mais, que na maioria das vezes em que essas coisas foram apregoadas contra mim, eu simplesmente fui pro-ativo, decidido, talvez corajoso, sei lá, mas sei que fui isso diante de alguém que não foi.

Meu herói, no campo da oratória, sempre foi - e acho que sempre será - Carlos Frederico Werneck de Lacerda. O Carlos Lacerda. Sim, o reacionário, o udenista, o cara que deflagrou a Revolução de 64 e a ditadura militar, no Brasil.

Não, não, eu não sou e nem penso como ele. Eu simplesmente admiro e invoco para dentro de mim, a inspiração que iluminava o seu dom da oratória.

Lacerda foi um gênio da palavra falada. Aliás, da escrita também. Minha mãe, outra referência minha em cultura e conhecimento sobre língua portuguesa, principalmente, mas não só, teve o privilégio de trabalhar na Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara, como Chefe do Setor De Debates, diretamente com o Senhor Carlos Lacerda, em algumas das legislaturas em que ele fora parlamentar, sem deixar, no entanto, de exercer a profissão de jornalista.

Minha mãe, a fantástica Dona Air, me contava as histórias do cara que fez, dentre outras coisas, o Túnel Rebouças, aliás, os quatro túneis; o Aterro do Flamengo; a UERJ, onde antes era a Favela do Esqueleto; e a estação de tratamento de águas, do Guandu.

Segundo ela, ele passava pelo setor dos Debates - onde se revisam os discursos, antes de enviá-los para a Ata e posterior publicação no Diário Oficial - pedia para olhar seus pronunciamentos, em busca, só podia ser, de erros da taquigrafia, claro, e, quase sempre, os devolvia intactos.

Lacerda não errava ao discursar.

Certo dia, recém-saído do plenário, após fala inflamada e polêmica - como sempre - entrou no Setor dos Debates, cumprimentou atenciosamente minha mãe, pediu um cafezinho e uma máquina de escrever disponível. Tinha, aguardando ansiosamente, um menino atento, ao seu lado, que aparentava ser um office-boy.

Ele sentou-se, ajustou a folha de papel, tabulou a velha e pesada Olivetti, de acordo com os parâmetros do Jornal - que, se não me falha a memória, era a Tribuna da Imprensa - e começou a metralhar a folha impiedosamente.

Menos de cinco minutos depois, ele deu o tradicional puxão por cima do rolo e arrancou o papel. Nem olhou para o texto, entregou-o ao menino e disse: "Leva lá, vai correndo e diga que não precisa de revisão".

Lacerda era assim. Crescia na polêmica, adorava o embate, a provocação, o desafio. Preferia o lado do mais fraco para defendê-lo ou o lado desarrazoado, para torcer os fatos diante de todos e deles receber aplusos. Calorosos aplausos. Passou, radicalmente, do comunismo à extrema direita. Carlos Lacerda não era bom nem mau. Era Carlos Lacerda: único e sem peça de reposição.

Pois eu fui taxado de "Genial, mas incontrolável!!!"
  
Coitadinho de mim. Eu, genial?

Já disse um milhão de vezes que genial foi o Doutor Sabin, a Madre Teresa de Calcutá e, quem sabe, Carlos Lacerda. Eu sou medíocre, médio, mediano, não sou um outlier. Mas, incontrolável, sim. Sou incontrolável.

Mas, sou incontrolável porque quero. Não porque não consiga me controlar. Há que se entender o limitie entre o dolo e a culpa aí: eu sou dolosamente incontrolável. Mas não sou incontrolável por imperícia, imprudência ou negligência. Jamais.

Simplesmente, eu me posiciono e assumo todas as conseqüências dos meu atos. Faço minhas escolhas e isso deixa algumas pessoas meio sem ação. Mas é normal.

O Beni, a Christina, por exemplo, vêm pro embate comigo, não baixam a bola, a guarda nem a cabeça. Não há um vencedor pré-definido, ganha-se e perde-se, mas no final, sempre, todos saímos ganhando. Sempre.  Porque viver é uma guerra. E a estratégia é parte importante no jogo do poder.

Mesmo que o poder seja apenas um capricho e não uma ambição.

Tequila evaporada! Sem chuva, por favor!

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