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Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

PRA ONDE VAI O MEU AMOR, QUANDO O AMOR ACABA?

Dos discos de Chico Buarque, acho que o que mais gosto é o "Almanaque". Como não gosto muito de música, talvez nem seja pelo repertório do disco, mas pelas circunstâncias em que foi gravado: Chico movia um processo contra a gravadora PHILIPS, que retinha - como todas o fazem - os direitos sobre os fonogramas da obra do poeta e compositor.
De repente, isso acontecer comigo ou com o Zé das Coves é até sinal de que alguém se importa, pelo menos, em preservar o que a gente criou mas, em se tratando do seu "Chico" é mesmo complicado imaginar alguém, seja pessoa ou empresa, proibindo-o de acessar e dispor, ao seu bel-prazer, de sua própria obra.
Não importa. De um lado a PHILIPS lutando pelos direitos contratuais e, de outro, o nosso herói - ou anti-herói?, sei lá - transgredindo e rompendo, avançando contra o poder constituído e assinando com uma nova gravadora, a alemã ARIOLA.
O disco de estréia, como Chico sempre foi econômico, teve apenas 10 faixas, todas relativamente curtas, o que torna o disco, um quase pocket para audição. Mas o bacana da parada é que as músicas ou algumas delas, revelam um pouco desta batalha entre o poeta e a gravadora. O carro-chefe deste enredo é "A Voz do Dono (ou o dono da voz), numa alusão irõnicamente finíssima ao cachorro e ao gramophone, símbolos eternos da RCA Victor, cujo slogan era exatamente o título da canção.
Na letra, Chico é sarcástico como sempre, brilhante, como quase sempre e mágico com as palavras... como nunca. É preciso conhecer a fundo a briga dos dois para se chegar ao orgasmo do contexto. Eu poderia, pra encher lingüiça e facilitar a curiosidade de vocês - colar aqui a letra da música, mas não vou fazê-lo. Quem quiser que se mexa e vá ouvi-la, lê-la, como e quando quiser. Até porque, o fato gerador desta postagem não é esta música, mas a que dá título ao disco: "Almanaque".
Em "Almanaque", Chico esbanja categoria ao esquecer versos impecáveis como "quem tava no volante do planeta, que o meu continente capotou?", ou "Quem pintou a bandeira brasileira, que tinha tanto lápis de cor"; ou ainda... "Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou / Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor?

Mas, lá no final de cada estrofe, assim como quem não quer nada, vem a frase que me borbardeia a mente e o coração, sempre, desde que ouvi "Almanaque" pela primeira vez.

"Pra onde vai o meu amor, quando o amor acaba".

A pegunta me cala fundo, porque vejo, todos os dias, em todos cantos e no centro, pessoas que não se desfazem da sensação de que o amor acaba. E o amor acaba sim. Não foi feito pra acabar, mas pode acabar. Seja lá o tal do Eros ou o Ágape. Acaba.

O problema não é discutir se acaba ou quando acaba, mas pra onde ele vai, quando acaba.

Será que, para algumas pessoas, o amor quando acaba fica retido, preso, escondido, amordaçado, mesmo acabado? E, se acabado, como pode ser retido, preso e escondido? A resposta é simples: o amor não acaba. Sim, o amor acaba. A gente já viu que isso acontece e não acontece comigo ou com você, mas com todo mundo. O amor acaba, de um jeito ou de outro. Mas ele vive, no inconsciente de quem o viveu, nas mágoas de quem sofreu, nas marcas de quem se feriu.

O amor, mesmo acabado, pode fazer"estragos", deixar marcas e cicatrizes para sempre. Depende de cada um e de cada amor. Do que existiu no lugar do que se chamou de amor e no que se pensou que fosse amor.

Dessa matéria eu falo de cadeira, porque o amor morto é amor posto. E não adiant5a ciúme, não adianta crime passional, não adianta escândalo. O amor, o seu amor, o que vive dentro de você, acaba por um e vai para o outro. E sempre assim, começa e recomeça num ciclo maluco que não acaba nunca.

E aí, pra fechar a conversa, Chico mata a pau quando arremata:

"Pra que que tudo começou?

Quando tudo acaba".

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