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No trocadilho do "ye ye ye" que compus, ao mais puro estilo "I Should Have Known Better", dos Beatles, troquei o clássico "uou, uou", ao mais puro estilo "Ana Julia", dos Hermanos, pela sigla do Universo On Line.
As salas de bate-papos mais freqüentadas do Brasil moram lá. E lá eu conheci muitas mulheres legais. Algumas tornaram-se namoradas; outras, mulheres; algumas, muito poucas, amigas; mas nenhuma delas deixou de valer à pena. Mesmo as que entraram e sairam sem pedir licença.
É hipócrita quem vai e não diz que vai. Quem foi e não assume que foi. É legal ir, conversar, lançar mão do "kit" e dar o pontapé numa possível conquista online.
O mundo mudou. Tudo mudou. Médio. Nem tudo. Mas mudou. Pelo menos a forma de relacionamento à distância mudou. Antigamente, quando se brigava com a namorada ou com o namorado, era imprescindível um banho demorado, essências, óleos, colônias, fragrâncias, a melhor roupa, o decote mais ousado, a calça mais viril, além do caderninho de notas e um telefone. A gente precisava encontrar alguém disponível, desocupado, que estivesse disposto a aturar nosso porre, nossa dor de corno.
Hoje não. A dois ou três cliques do mouse, lá estamos nós, diante de uma roleta russa gostosa e sem conseqüências, pelo menos pra quem manteve um mínimo de juizo depois da briga conjugal.
As salas são democráticas e os nicks em vez de esconder, revelam a verdadeira personalidade das pessoas. Há que se escolher um critério e que se definir o grau de ansiedade e solidão, antes de levar um papo adiante. Há quem tecle sem saber diferençar "mais" de mas". Há quem escreva diferença com s. Tem de tudo, ali. E por isso é tão legal.
Eu, particularmente, como disse, só tenho experiências positivas, porque filtro muito, antes de partir pra guerra.
Enfim, as salas resolvem, pelo menos o problema da logística. O único problema que elas não resolvem é o do caráter de cada um.
Lembro de uma banda nordestina chamada "Bendegó", um grupo baiano que misturava rock progressivo e psicodelismo a ritmos regionais. Do repertório deles, retiro uma letra, que ilustra o aspecto do caráter de cada um. A letra diz assim:
Você freqüenta Freud todo dia / e cada dia o seu Ford lhe dá menos prazer / Vai trocar de caso / vai trocar de casa / vai trocar de cara / vai trocar de carro / o que você não pode é trocar de você.
Realmente. Não dá pra trocar de você. Você é quem é, o que é, como é. E aí - sei que serei interpretado como machista, mas quem me conhece, me sabe feminista - eu coloco um pensamento meu: "Os homens escolhem as mulheres pelo que elas são. E as mulheres escolhem os homens pelo que elas acham que eles podem vir a ser".
Segundo Oscar Wilde, "Os homens casam porque estão cansados. As mulheres, por curiosidade. Ambos são logrados". Ou, ainda: "Quando uma mulher se casa pela segunda vez, é sinal de que detestava o primeiro marido. O homem, ao contrário só torna a casar se adorou sua primeira mulher."
A essência da mulher é mais consistente e portanto um pouco mais cruel. Mas, se um homem entra numa sala do UOL consciente disso e encontra uma mulher interessante, o risco de casar-se de novo é muito grande.
Pulando de um puleiro pro outro, fui encontrar o Beni, no Braseiro da Gávea. Morando fora do Rio há mais de 4 anos, constatei que a já sempre bizarra noite carioca vai de mal a pior.
Mulheres recém-saídas do consultório, com a boca roxa de Botox; velhas exibindo umbigos cavernosos e estrias com afluentes em calças baixas e tops undergrounds; moças, algumas teenagers, com os peitos na cintura e os pés sujos em Havaianas lilás.
UOL UOL / UOL UOL...
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