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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

LANE PLAYER

Lane Player saiu de casa para passear, levando apenas uma carteirinha de identidade que ganhou de presente do pai, ao completar 15 anos.

Caminhou sozinha pela orla, subiu a ladeira, contemplou o museu, pensou no que a rodeava e refletiu-se nas águas da baía agitada.

O celular, mudo, em cima da penteadeira estrebuchava no vibra-call e nada. Apenas a carteirinha.

Do outro lado, de pé na calçada, entre lençóis e velas esticadas, eu me dispunha a a observar e a repensar tudo. Do mármore encardido do casamento morto, ao espancamento das idéias fúteis de um tempo que passou.

O Rock'n'Roll morreu ali. Na esquina do impróprio com o impreciso.

... e Lane Player acordou.

Lamentava o frio ar condicionado que lhe congelava os tornozelos finos e sensíveis. Nenhuma sombra. Nada de espaços livres. Deus estava ali, sob a forma de canção, a sussurrar-lhe os versos de uma oração alternativa. Olhos úmidos, marejados pelo ar marinho do cais e uma vontade louca de mudar o que é possível.

Os capitães e seus navios decolavam a cada minuto, rumo ao mar da solidão. E nada mais ali terra firme já era. Nada parecia o lastro da vida inteira, despejada no ralo das frustrações.

Mas, se o sonho não cabe na ponta do dedo e marcá-lo com um X pode parecer vão, principalmente quando a palma da mão esconde o verdadeiro rubi é melhor acordar.

Passa o tempo. Lane Player retorna.

Caminhante compulsiva e ardente, corpo longelíneo e magro, pensamentos fugidios e não lineares. O que mais interessa, a não ser a pequena carteira de identidade e uma gota de suor que desce pela fronte clara como a neve dos montes do Japão?

O caminho de volta tem pipoqueiro, algodoeiro doce, baleiro e camelô.

Lane Player não se atrapalha e desvia do tempo com a precisão de um albatroz.

Ao chegar em casa, sobre a penteadeira, o celular já não vibra mais.

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