
Antes de ser uma rede de relacionamentos, com todas as suas qualidades e defeitos é uma rede de controle e monitoramento.
Isso aqui é uma espécie de Big Brother, sem a mediocridade do programa de TV e sem a presença sádica do Pedro Bial.
Quem se loga na internet, hoje, pode controlar ou ser facilmente controlado por quem tem interesse nisso. Você entra aqui e sua carinha aparece dedurando a sua presença online.
Você abre o Gmail e a bolinha verde diz que você está online. Você abre o MSN e fica exposto, ao mesmo tempo, a todos que perfazem a sua lista de contatos.
Claro que você escolhe quem coloca nas suas listas, claro que você não conhece a maioria das pessoas que coloca nas suas listas e claro que eu acho tudo isso de uma inconseqüência louca, embora muito divertida. Por fim, é mais claro ainda que manipular toda essa engrenagem, com inteligência e estratégia, pode transformar espionagem em contra-espionagem, site de relacionamento em RPG e scraps em cifras, gerando um círculo-vicioso.
É fácil.
Não vou ensinar padre a rezar missa. Todo mundo sabe. Não é novidade, mas é engraçado, porque ninguém ousa assumir que usa o Orkut desta maneira. Mas usa. Consciente ou inconscientemente usa.
E mais: os divãs estão perdendo lugar para os perfis.
Pirei? Claro que não.
Adoro a modernidade, embora me saiba pedrinha neste tabuleiro. Sei que sou lido por quem gosta do que escrevo e por quem me detesta e quer apenas saber se já caí e quebrei a perna. Normal. A humanidade é mesmo controversa. Não há mais romantismo nem ludicidade nas brincadeiras de “Verdade e Conseqüência”. O “Jogo da Verdade” virou “Mata-Mata” e, no fim, todos morrem. De rir, que seja.
Chegamos ao ponto de poder ficar invisíveis, ou seja, temos a opção de estar aqui sem estar. De estar no Gmail sem estar. De estar no MSN e não estar. Tudo isso, como se nossa consciência pudesse estar e não estar.
Eu sempre escrevi aqui o que penso, o que sinto e o que desejo que circule por aí a meu respeito. Não seria capaz de expor minhas vísceras se não calculasse, antes, o tamanho do risco. Portanto, leiam e releiam à vontade, mas não pensem que não sei que estou sendo radiografado.
Afinal de contas, estamos em “1984”.
Tequila Evaporada! Chuva Forte!
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