
Nasci em 54, neto de avô político, filhos de pais que se conheceram trabalhando em casa política.
Adolesci com o regime militar vigiando tudo.
Estava nos pilotis da PUC, naquele histórico show do Chico, no qual ele e o MPB4 se calavam, enquanto nós cantávamos a letra de "Cálice".
Nunca fui agitador. Nunca fui comunista. Nunca participei de passeatas ou pratiquei atos subversivos. Era garoto. Tinha 10 anos, em 64.
Mas, posso dizer que, apesar de menor de idade, fui detido para esclarecimentos, aos 15, por integrar o elenco (foto) da peça "Esquerda Festiva", de H. Pereira da Silva, depois de uma apresentação no teatro do Colégio La-Fayette, que virou Fundação Bradesco, ali na Rua Haddock Lobo, na zona norte do Rio de Janeiro.
Quem vasculhar o meu blog, se não leu ainda, vai ler que minha mãe deu fuga, no próprio carro, a diversos políticos comunistas, até ao Consulado do Chile, quando foi decretado o AI-5.
Por incrível que possa parecer, não tenho um único militar na família.
É, portanto, no mínimo, ridícula, qualquer suspeita ou acusação de que eu seja a favor da ditadura militar, das torturas ou sei lá mais de que.
Nunca fui, não sou e não serei jamais.
Mas isso, sob nenhuma hipóetese, me impede de refletir, o que faço constantemente, desde muito cedo, em busca de um entendimento maior e melhor sobre as coisas e as pessoas que me cercam.
Bastou que eu escrevesse, aqui mesmo, ainda agora, que fui contra as eleições diretas e contra O FIM da ditadura e pronto: virei judas.
Caguei solenemente, mas por piedade, vou explicar.
Não devia, mas vou.
Não precisava, mas vou.
É o seguinte. Quem conhece um pouco da história do Brasil sabe que este país sempre foi um belíssimo saco de gatos, desde os tempos de sua invenção.
Atolada em dívidas, a família real portuguesa fugiu para o Brasil, trazendo à bordo, nada mais, nada menos que um terço de toda a riqueza da coroa portuguesa, com medo da invasão de Portugal pelas tropas francesas, logo após a Espanha ter saído da cena política local, onde aparecia, até então, como aliada dos portugueses.
Mas isso é só o começo e quem quiser se aprofundar que vá a uma biblioteca ou a uma livraria e escolha bem o que vai ler.
Eu estou apenas acenando com o fato de que pra cá só vieram negros escravos, bandidos de alta periculosidade, condenados à morte para trabalhos forçados, além da família real e... de um terço de toda a riqueza da coroa.
E não era lá uma coroa vulgar, dessas preparadas, tipo cachorra. Era coroa de cachorro grande.
Nossa história é, desde lá, impregnada de casuísmos, favorecimentos, nepotismo e corrupção.
Toda esta nojeira veio de navio, nos contaminou culturalmente e geneticamente se alastrou, até chegar aos Sarneys da vida.
Aliás, Pedro Álvares não era Cabral e sim Gouvêa, da mesma forma que Frei Henrique Soares não era de Coimbra, mas simplesmente nascido em Coimbra.
Talvez isso explique o porque de no Sarney, nem o nome ser próprio.
Seu nome verdadeiro é mesmo José Ribamar de Araujo Costa.
Não tenho nada contra os portugueses, antes que isso venha a exigir de mim outro post. Apenas me localizo historicamente para justificar o porque de ter sido contra as diretas e contra O FIM da ditadura.
Tiradentes era nascido nas Minas Gerais.
Foi um boticário, uma espécie de dentista, tropeiro, comerciante, minerador, mas destacou-se como INCONFIDENTE. Isso mesmo. O cara era um inconfidente.
Vejamos então o que isto significa: adj. Infiel, que revela os segredos confiados, especialmente do Estado. S.m. Bras. Designação genérica dos que tomaram parte na Inconfidência Mineira.
Claro que a gente entende o objetivo do movimento contra o que chamavam "derrama", mas o nome dado ao movimento é de uma burrice total, não dá pra contestar.
Muito bem.
Vida que segue. História que segue.
Segundo afirmam alguns importantes livros de história do Brasil, Tiradentes jamais usou barba, nunca foi enforcado e não passava de um alferes, uma espécie de subalterno na escala militar. Ou seja: um perfeito idiota, manipulado por gente culta que pulou fora na hora de encarar o Visconde de Barbacena.
Pois é. Tancredo Neves era mineiro também.
Mas nem tanto um perfeito idiota.
Trafegou na mão e na contra-mão por diversos governos e, sempre de cima do muro, foi cooptado e cooptou o poder em todos.
De esquerda, de direita, de centro, de primeiro-ministro do parlamentarismo a interlocutor da transição entre as ditaduras fechadas do Médici, do Geisel e do Costa e Silva até a abertura programada do Figueiredo, Tancredo manipulou todo mundo e sempre saiu pela porta dos fundos.
Aliás, por falar em porta dos fundos... e o Brizola, hein?
Que história satânica esta nossa. Que destino.
Deixo o Castelo Branco de fora do hall dos ditadores mais recentes, porque contam as más línguas que sua intenção era tirar o Jango do governo, arrumar a casa e promover eleições diretas.
Dizem também que explodiram o avião em que ele viajava.
Aliás, estas histórias - lendas ou teorias conspiratórias - permanecem correntes em relação às mortes do Jango, Juscelino, até do Lacerda, que jogava no time da direita.
Sei lá.
Só sei que em 84, quando a tal da nova república começou a virar moda, eu logo percebi que tinha muito mais raposas do que uvas e que o país realmente não podia ficar a mercê da liberdade, porque não havia a mínima responsabilidade.
Isso eu digo e repito, sem qualquer constrangimento.
Diziam-me o contrário. Que o exercício da democracia, no estado de direito, nos iria conduzir a uma vida melhor. Sim, claro. Teoricamente era isso mesmo. O problema sempre foi quem faria a tal transição.
Tancredo? Hummmmmmm.... pensei eu. Isso vai feder.
Foi aí que gravei a famigerada mensagem na secretária eletrônica do telefone 238.7769.
E o pior é que fedeu, literalmente.
A diverticulite do nosso futuro signatário nos fez assistir a mais um circo de fantoches, com o presidente eleito, mas não empossado, empossado de merda e de sangue por dentro do pijama.
Fizeram fotos com o Tancredo dando adeus da sacada hospital.
Mas o povo não entendeu.
Depois, o jornalista da Rede Globo - logo quem - apareceu pra dizer que o "Professor Doutor Pinote" tinha "operado" o presidente eleito e que este tinha passado desta pra melhor.
Lembro de uma manchete irônica em um jornal que dizia, por ocasião da tragédia do avião que matou a Leila Diniz e também o então "Secretário do Diabo" Felinto Müller: "Felinto Müller está morto: resta saber o que ele pretende com isso". Felinto Müller era um articulador cerebral, um cara do mal, capaz de fazer o Golbery do Couto e Silva parecer o Bozo.
E a ssim foi com o nosso presidente eleito.
Novas eleições?
Opções?
Paulo Maluf?
Diretas já!
Tô fora!
E lá veio assumir, como interino, a presidência da rés-pública, o nosso atual presidente do senado, José Ribamar, ou melhor: o Zé do Sarnei.
De lá pra cá, eu acho que todo mundo aqui já era nascido, não?
Em todo caso, vou terminar dizendo que por tudo isso, sim, eu fui contra o FIM, naquele momento e neste ainda, sou, da ditadura militar, no Brasil.
Principalmente hoje, relendo a história, revendo a memória e matando um rato pra comer.
Deixo um belo texto que recebi por E-mail e que, infelizmente, desconheço o autor.
Ele ilustra bem os motivos pelos quais, vocês que tentam me patrulhar, devem mesmo me patrulhar.
Afinal de contas, vocês têm razão: ditatura e militares no poder, nunca mais.
Cresce o grupo que não quer mais ver MILITARES NO PODER, pelas razões abaixo: Militar no poder, nunca mais. Só fizeram lambanças: Tiraram o cenário bucólico que havia na Via Dutra de uma só pista, que foi duplicada e recebeu melhorias; acabaram aí com as emoções das curvas mal construídas e os solavancos estimulantes provocados pelos buracos na pista. Não satisfeitos, fizeram o mesmo com a rodovia Rio-Juiz de Fora. Com a construção da ponte Rio-Niterói, acabaram com o sonho de crescimento da pequena Magé, cidade nos fundos da Baía de Guanabara, que era caminho obrigatório dos que iam de um lado ao outro e não queriam sofrer na espera da barcaça que levava meia dúzia de carros. Criaram esse maldito Pro-Álcool, com o medo infundado de que o petróleo vai acabar um dia. Para apressar logo o fim do chamado "ouro negro", deram um impulso gigantesco à Petrobrás, que passou a extrair petróleo 10 vezes mais (de 75 mil barris diários, passou a produzir 750 mil); sem contar o fedor de bêbado que os carros passaram a ter com o uso do álcool. Enfiaram o Brasil numa disputa estressante, levando-o da posição de 45ª economia do mundo para a posição de 8ª, trazendo com isso uma nociva onda de inveja mundial. Tiraram do sossego da vida ociosa de 13 milhões de brasileiros, que, com a gigantesca oferta de emprego, ficaram sem a desculpa do "estou desempregado". Em 1971, no governo militar, o Brasil alcançou a posição de segundo maior construtor de navios no mundo. Uma desgraça completa. Com gigantesca oferta de empregos, baixaram consideravelmente os índices de roubos e assaltos. Sem aquela emoção de estar na iminência de sofrer um assalto, os nossos passeios perderem completamente a graça. Alteraram profundamente a topografia do território brasileiro com a construção de hidrelétricas gigantescas (TUCURUÍ, ILHA SOLTEIRA, JUPIÁ e ITAIPU), o que obrigou as nossas crianças a aprenderem sobre essas bobagens de nomes esquisitos. O Brasil, que antes vivia o romantismo do jantar à luz de velas ou de lamparinas, teve que tolerar a instalação de milhares de torres de alta tensão espalhadas pelo seu território, para levar energia elétrica a quem nunca precisou disso. Implementaram os metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, deixando tudo pronto para atazanar a vida dos cidadãos e o trânsito nestas cidades. Baniram do Brasil pessoas bem intencionadas, que queriam implantar aqui um regime político que fazia a felicidade dos russos, cubanos e chineses, em cujos países as pessoas se reuniam em fila nas ruas apenas para bater-papo, e ninguém pensava em sair a passeio para nenhum outro país. Foram demasiadamente rigorosos com os simpatizantes daqueles regimes, só porque soltaram uma "bombinha de São João" no aeroporto de Guararapes, onde alguns inocentes morreram de susto apenas. Os militares são muito estressados. Fazem tempestade em copo d'água só por causa de alguns assaltos a bancos, seqüestros de diplomatas... ninharias que qualquer delegado de polícia resolve. Tiraram de nós o interesse pela Política, vez que os deputados e senadores daquela época não nos brindavam com esses deliciosos escândalos que fazem a alegria da gente hoje. Inventaram um tal de FGTS, PIS e PASEP, só para criar atritos entre empregados e patrões. Para piorar a coisa, ainda criaram o MOBRAL, que ensinou milhões a ler e escrever, aumentando mais ainda o poder desses empregados contra os seus patrões. Nem o homem do campo escapou, porque criaram para ele o FUNRURAL, tirando do pobre coitado a doce preocupação que ele tinha com o seu futuro. Era tão bom imaginar-se velhinho, pedindo esmolas para sobreviver. Outras desgraças criadas pelos militares: Trouxeram a TV a cores para as nossas casas, pelas mãos e burrice de um oficial do Exército, formado pelo Instituto Militar de Engenharia, que inventou o sistema PAL-M. Criaram a EMBRATEL; TELEBRÁS; ANGRA I e II; INPS, IAPAS, DATAPREV, LBA, FUNABEM. Tudo isso e muito mais os militares fizeram em 22 anos de governo. Depois que entregaram o governo aos civis, estes, nos vinte anos seguinte, não fizeram nem 10% dos estragos que os militares fizeram. Graças a Deus! Tem muito mais coisas horrorosas que eles, os militares, criaram, mas o que está escrito acima é o bastante para dizermos: "Militar no poder nunca mais"
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