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Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

RESPOSTA AO SCRAP/PERFIL DA QUERIDA TETÊ



O amigo do "depoimento" chegou: ele pode entrar?

Tenho certeza de que sim. Portanto, estou dentro.

Bom, vamos começar deixando de lado as coreografias de jazz, os anos dourados que cada um traz na memória, não importando se foram os anos 50, 60, 70, 80 ou 20. Isso faz parte da vida pessoal de cada um. É, portanto, um aspecto emocional e eu me ative a escrever sob o ponto de vista pragmático.

Quem foi Michael Jackson?

É difícil explicar, porque é mais difícil ainda entender. Um bailarino que cantava? Um compositor que dançava? Um negro que virou branco? Um homem com fala, jeito e comportamento de menino? Um psicopata? Um transformer?

Artisticamente, infelizmente, porque jamais nada tive contra a pessoa dele, sua trajetória ficará eternamente muito mais ligada às monstruodidades a que ele submeteu o próprio corpo – em especial o rosto – do que a refrões como “I’m bad, I’m bad, I’m really bad”.

MJ jamais foi Bad, aliás jamais foi Black or White. Talvez tivesse querido e tentado ser Billy Jean, sem sucesso.

Tetê, querida. Você é irmã de músico e sabe que a gente vive música, respira música e, quem sabe, por isso, seja tão exigente em relação à verdade do artista. É fundamental que a obra de arte seja assinada pelo artista e não pelo seu professor.

MJ só esteve no topo, enquanto teve, por trás, pelos lados e pela frente dele, um gênio chamado Quincy Jones.

Minha praia é Blues e Rock’n’Roll. Não sou amante do R&B moderno nem deste Soul mentiroso lotado de efeitos especiais e sintetizadores, mas é óbvio que enxergo a genialidade de Quincy Jones.

Escrevi lá, no meu perfil, que se ele tivesse encostado apenas um dedo na Elza Soares, ela seria, hoje, considerada a maior cantora do mundo, de todos os tempos. Produtores fazem artistas.

É difícil aceitar, mas George Martin fez um bom pedaço dos Beatles.

Quando ouço o Caetano dizer que ele é nada e que João Gilberto, sim, é tudo, percebo que faltou ao MJ esta humildade. Ele se achou. E se achando, se perdeu.

Conheço uns 300 cantores de voz fina que cantam mais e melhor que o MJ cantou. Conheço bailarinos, nem tantos, que dançam e dançaram muito mais do que ele, disciplinadamente inserido na escola do jazz americano, onde a marcação e a limpeza são 90% do espetáculo. Quem viu “All That Jazz” – e você deve ter visto, sabe que a genialidade, quando é verdadeira, torna-se infinita. Beethoven não fez duas sinfonias e tornou-se medíocre. Bach, a mesma coisa. Mozart nem se fala. Os gênios trafegam noutra freqüência. E quanto mais sofrem pressão, quanto mais são testados, mais respondem com sua genialidade. MJ teve seus 15 minutos de fama como um BBB e soube explorá-la, nem sei se bem, porque como eu disse, não saberia explicá-lo a quem não o viu. Um artista com 30 anos de carreira que gravou um monte de discos e emplacou 3 deve ser um pouco melhor que o Peter Frampton e não mais do que isso.

Mas não fique com raiva de mim. Eu já disse que entendo e respeito a voz que vem do coração. Logo mais, milhares de fãs vão chorar em volta da urna e cantar as mesmas 10 canções. Os jornais vão vender mais, os discos já voltaram ao topo das paradas e a vida vai seguir do ponto que ele parou.

Quem teve o privilégio de assistir a um show do James Brown ou do Prince – apesar de sempre ter pecado pelo excesso de produção – não tem muito a lamentar com a perda de MJ.

Não sei se feliz ou infelizmente, música não me emociona tanto quanto um perfume específico, um texto brilhante, um belo decote ou o sabor de uma Coca bem gelada. Como disse, não sei se isso é bom ou ruim, mas ouço e vejo música como um auditor e não como um audiófilo. A mim, realmente, MJ jamais disse nada. Sempre com os mesmos passinhos, os mesmos requebros, os mesmos trejeitos de menino frágil e músicas se não ruins, pra lá de medíocres.

MJ foi mais uma daquelas apostas da indústria fonográfica que dão a idéia de que serão uma galinha dos ovos de ouro e que acabam dando com os burros n’água. É dele o maior encalhe desta mesma indústria.

Enfim, acho até que o MJ deve mesmo ter sido isso tudo que você, a Virgínia, a Ankh e quase todo mundo que conheço, principalmente no mundo feminino, descrevem muito bem: frágil, sem auto-estima, carente, mal assessorado e coisa e tal. Mas quem não é?

Americanos sempre foram maniqueístas, sempre adoraram dividir as pessoas e classificá-las como 'winners' ou 'losers'.

Ironicamente, MJ foi os dois ao mesmo tempo e talvez por isso tenha sido tão mais querido na Inglaterra dos que nos EUA. Pra mim foi só um chato de galocha, um artista fake, que teve 3 anos e 3 discos de carreira, vivendo todos os demais às custas de escândalos e boatos. Ainda não consegui alguém que, na base do improviso e da surpresa, cantasse por 45 segundos, pelo menso 15 canções dele. Da Madonna, nem 10. Talvez, por serem como folhas de fórmica: falta-lhes profundidade.

Beijo grande e queira-me bem.

Shinehead - Billy Jean

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