Passei.
Passou.
Acabou.
Agora é retocar a maquiagem, subir ao palco e retomar o show.

Como se fosse, o mar, do brigadeiro e o céu dos tubarões. It's showtime, folks! It's showtime.
Acabei de acordar. São 3 e 35 da manhã de domingo, 6 de dezembro de 2009.
Ano desafiador, estranho, mal encarado mas inédito, revolucionário, eu diria, sem perder o contexto dos trancos, barrancos e solavancos.
Este ano de 2009 me fez acordar, refletir e perceber melhor que é exatamente quando a gente se dá conta da própria história e acha que aos 55 anos já viveu o suficiente para encher uma biografia pra lá de razoável, que o destino vem e sacode a poeira, mas não deixa a gente dar a volta por cima.
Calma aí, mané. Ainda não acabou..
Este ano vai ficar para sempre marcado em vermelho e não só pelas dores e pelas sensações ruins, mas pelas circunstâncias inegociáveis e imponderáveis, impostas pela realidade, que não se importa com a vida de ninguém. Foi um ano ruim? Não sei. Acho que não.
Eu acredito que o maior problema de um conflito existencial resida no olhar pra trás. Conheci pessoas e lugares que me contaram histórias incríveis sobre como a realidade é amoral e aética. Não há regras em lugar algum. Alguns vivem acorrentados ao passado e às lembranças do que deixaram de fazer, torturando-se, cansativamente, a troco de nada. Absolutamente nada. O maior problema de um conflito existencial é arrepender-se do que se fez.
Ninguém consegue fazer tudo. Mas ter feito muito mais do que menos, com certeza, avaliza o que se há de fazer daqui pra frente.
Não é tão difícil entender certas coisas quanto tentar explicá-las - e não me atenho ao inevitável em si.
A vida não é uma sentença de morte e não vejo a vida como uma execução sumária. Há que se saber viver de alguma forma, de algum modo interessante. Entendo que a vida é o caminho único para que tenhamos a possibilidade de chegar vivos à morte, até porque não creio em julgamentos finais. É a gente com a gente mesmo, aqui e já.
São as trapaças da vida e não o jogo que me deixa assustado, quando percebo que o jogo ainda está aberto na mesa. Continuo tendo que fazer as minhas apostas.
O que por um lado assusta, por outro impele. Daí, retocar a maquiagem, digo, o sorriso, tocar o barco e sair por aí como se nada tivesse desacontecido ser fundamental.
Hoje, por exemplo, tem Flamengo x Grêmio valendo mais um título brasileiro. É hora de contrição, de foco e de sinergia. Dizer que o jogo é mole é o mesmo que dizer que a biografia já está escrita. Não é assim. Já vi a vida surpreender gigantes ao revelar franco-atiradores e o Grêmio, hoje, é um deles.
Há, como em todos os momentos importantes da vida, que se ter garra, força e agressividade. A vida, afinal de contas, não respeita mesmo os covardes.
Eu retomo os blogs e as redes sociais como marco fundamental de renascimento para mais uma vida. Nova, inédita, intacta, recém-saída do ventre caótico da minha própria soma de pré-existências, sabendo que ainda não escrevi nada, que nada vivi, por enquanto, mesmo que a sola esteja gasta e que o sol não dê uma trégua ao meu chapéu.
Vamos em frente, em busca do hexa ou da próxima esquina; em busca do desconhecido mundo dos vivos, entre perdas e danos, alegrias e tristezas. Se a gente ganhar, o ano foi bom.
Se perder, fazer o que?
Viver é por aí.
Morrer, ainda não sei por onde é.
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