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Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

KEITH 666


Ao ver e ouvir a matéria apresentada por Nelson Motta, no Jornal da Globo, sobre os 666, digo, 66 anos de Keith Richards, ontem, sexta-feira, me surpreendi comigo mesmo, por lembrar de Albert Einstein.

Sim, Einstein, aquele cabeludo, de olhos esbugalhados. O da careta, lembram-se dele ainda?

Pois é. Me peguei pensando sobre a relatividade - ou seria melhor chamar a teoria de real-atividade? - do tempo para cada um de nós, em relação ao período que passamos, de pé, nesse planeta desengonçado e erroneamente chamado Terra. Como, Terra, se 3/4 partes são cobertas de água e se o que mais tem por aqui é ar? Talvez esta resposta esteja no futuro próximo, antecipado, também ontem, pelo descaso dos chineses, dos americanos do norte, e por que não ser claro e assumir: pelo descaso de todo mundo?

Enfim, voltando ao Einstein, ao Nelson Motta e ao Keith Richards, levei um susto ao perceber que o tempo é mesmo desigual em cada um de nós.

Vejam bem. Qualquer ser humano, mortal, dentro destes 66 anos de Richards já teria morrido, no mínimo, umas 3 ou 4 vezes, se fizesse as mesmas escolhas. E nem precisaria escolher muito. Para ser um Stone, para entrar e sair de todas as trips, goods e bads, vivo, já é preciso ser bem mais do que um brilhante discípulo de Alexis Korner. Viver como Richards e chegar aos 66 anos, vivo, seja em cima de um palco, seja na tela do cinema, seja dentro de casa ou de um estúdio, e ainda por cima, lúcido, é a maior prova de que a relatividade do tempo transcende à teoria. E que nada, verdadeiramente, faz sentido.

Só para se ter uma idéia, eu me lembro de uma revista bem cult, principalmente no anos 70, francesa, que se encontrava à venda somente "nas boas casas do ramo", sobre fotografia: a PHOTO. No caso, a "casa do ramo" era a mesma e boa e velha banca Piauí, em frente ao Guanabara, no Leblon.

A marca registrada da revista, o seu principal diferencial era a predominância das fotos em P&B. Além das mulheres nuas, a PHOTO 'revelava' o trabalho, muitas vezes dramático, de fotógrafos famosos e de outros, ainda desconhecidos, mas igualmente talentosos, espalhados pelos 5 continentes. Era uma publicação referencial para quem não se contentava com Manchete ou Fatos & Fotos.

Quando a doideira, que começara no fim dos 60, já havia provocado uma boa (ou ruim?) quantidade de vítimas fatais, (vide Hendrix, Joplin, Morrison, além do próprio Brian), e Richards estava esfacelado pela heroína, esquálido, macérrimo e, ainda por cima - ou por baixo - pelo clima ruim que rondava os Stones, do então Mick Taylor, que tentara, sem muito jeito, apesar do inquestionável talento, suprir a morte de Brian Jones, que amargavam o desastre de Altamont, em uma de suas edições, no começo dos anos 70 - o guitarrista, que ontem completou 66 anos vivinho da silva, concordou em fazer um anúncio, onde seu rosto aparecia, em closeup, e em cores, revelando os estragos que as drogas pesadas haviam provocado nele.

O título do anúncio era claro, direto e objetivo:

"A pior coisa que a heroína pode fazer com você é transformá-lo num Keith Richards."

Lendo assim, eu sei, não parece muito impactante. Mas se vocês vissem a foto...

Mais tarde, depois de tranfusões, internações, novas transfusões e diversas outras internações, o imortal Keith Richards, recuperado, reformado, repintado e novinho em folha - imaginem como ele estava - disse, em entrevista, que sabia que estava morrendo e que por isso autorizara a veiculação do anúncio.

Morrendo. Aos 28 ou 29 anos.

Lembro do olhar, do globo ocular, do couro no lugar da pele, dos dentes estragados, lembro de tudo, porque quase 30 anos depois, eu e Richards estivemos lado a lado, a menos de 3 metros de distância, no show que os Stones fizeram na Apoteose.

66 VIVAS A KEITH RICHARDS!

E que, a cada novo ano vencido, ele possa nos brindar com mais riffes incríveis, canções fantásticas e esta vitalidade que só Einstein consegue explicar.

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