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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

quinta-feira, 13 de março de 2008

O VELHO GRAJAÚ

Amanhece laranja em Niterói. Vejo daqui. Aqui não. Aqui cinza. A velha paisagem dos meus 6 anos de idade volta aos meus olhos de boêmio, agora ávidos por um sono profundo.

Estou no Grajaú. No velho Grajaú dos amigos de infância. Do Amaury, do PV, do PC, do Alfinete, do Arbex, do Tuninho Arataca, do Fernando Pequeno, do Babá, do Marcio, do Paulo Maurício, do Cesar Bigode, Oswaldo e de tantos outros que já se foram.

Estou no velho Grajaú da Cássia, da Clarita, da Sandra, da Tê, da Leila, da Chris, da Katia, da Regina Mara, da Carminha, nossa de quanta gente que subia - e quando subia, a gente olhava de baixo - e descia as escadas da Boite Oficina, que eu fazia com o Helcinho, com o Fernando, com o Eduardo, no velho e saudoso GTC?


Estou aqui, de frente pra Ponte Presidente Costa e Silva, a ponte Rio-Niterói, que inaugurei com meu pai e minha mãe, junto com milhares de outras famílias.

Era um outro Rio de Janeiro, um outro Grajaú, muito diferentes do que são hoje.

O Grajaú do Padre Ferro, do 110, do Seu Hildo, da Luluzinha, das Organizações Magalhães, do Banco Andrade Arnaud, do depósito de carrocinhas da Kibon, do laboratório e do barzinho no centro da praça.

São seis e dez da manhã. Eu morava na Engenheiro Richard e via quase a mesma coisa do que vejo daqui agora: só que eu via um pouco mais: de binóculo, via as horas no relógio da Central, via os navios na Baía de Guanabara, via a própria Guanabara, do Rei da Voz, das Lojas Ducal, da Tonelux, da TV Excelsior e da Rádio Mayrink Veiga.

Eu via a Pedra da Babilônia, via o cometa da Mesbla do Passeio Público, o Sumaré e quando era inverno, eu via balões enormes, lindos, com lanterninhas formando imagens.

Não tinha incêndio nem Polícia nem Corpo de Bombeiros de plantão. Bandidos? Uns dois ou três: lembro do Mineirinho, do Caveirinha e do Cara de Cavalo. Só.

O Grajaú era um bairro aristocrático, de mansões com jardins e quintais, com pouquíssimos edifícios. Eu mesmo nasci numa casa enorme, na Rua Canavieiras, brincava na rua, soltava pipa e via de longe as Hudsons, os Packards, as Mercurys e os enormes Chevrolets. Todos invariavelmente pretos.

Eu conhecia todo mundo e todo mundo me conhecia. O Chico cortava o cabelo de todos os meninos do bairro e só quando ele estava atolado demais, a gente cortava com o Jair. Lanchava no Boys, passava na casa do Seu Moreira, que dava balas pra gente.

Naquele tempo, a gente podia aceitar balas de qualquer pessoa, principalmente de moradores do Grajaú.

Lembro das Vemaguetes que nos ensinaram mais do que a dirigir, nos ensinando a pilotar. Roda Livre ou roda presa: com ou sem reduzida. A gente fazia curva no braço, sem freio-motor, mas com tração dianteira.

Meu primeiro beijo, minha primeira namorada, meus primeiros gols foram todos no Grajaú.

Olho da janela e vejo que ainda restam muitas casas. Na maioria delas eu brinquei, subi no muro, pulei o portão, porque todo mundo era "faixa". Não tinha tempo ruim.

Amanheceu laranja em Niterói. Mas aqui já clareou também. É tempo de dormir o sono dos justos.

Boa noite.

5 comentários:

  1. Oi Serginho,me senti passeando no tempo, revisitando momentos que tinham sempre algo especial.Muito bom ler você.Beijos.Beth Coelho

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    1. Desculpe o delay. Não entro aqui faz um tempão. Obrigado pela visita e pelo carinho. Eu fiz um programa de rádio sobre o Grajaú e sobre o Oswaldo, quando ele lançou um CD novo e me pediu que o divulgasse no programa. Se quiser, te mando. Ficou bacana. Beijão.

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  2. Esqueci,eu conheço esse cara da foto.Bjs

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  3. Tudo de bom ler vc! Nossa, foi demais recordar e sentir o Grajaú através das suas palavras e pessoas. Talvez algumas não conheça. mas, quem não sente auela nostalgia qdo se escuta, po exemplo: Seu Hildo, Mercearia magalães, Boys e seu lanche,e outras
    Amei!Demais!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Um bj de uma saudosa grajauense!

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    1. Beijo Titina, obrigado pela visita. Faz tempo que não escrevo aqui. Vou voltar a escrever. Pelo menos, de vez em quando.

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