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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

NEM SEMPRE O TEMPO QUE VOCÊ TEM, BATE COM O TEMPO DO RELÓGIO. ENTÃO, FAÇA RÁPIDO.

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Eu não sou um cara de produção. Sou de criação, de deixar o tempo passar, olhando o vento, o movimento dos carros, nas avenidas. Pego-me em dúvida, entre o real e o irreal, se estou mesmo protagonizando o que se passa ali, comigo, ou se aquilo que estou é devaneio, abstração da realidade e preguiça.

Sou um cara de ciclos, como ciclos menstruais. Passo algum tempo em processo atômico, para sangrar minhas lágrimas na chuva, numa tarde qualquer de algum lugar. Não sou de ligar para o tempo. Nem para o que passa nem para o que passou. Vivo meu tempo em separado. Corro, quando quero mais. Espero, quando não me importo.

Gosto dos hiatos, dos canyons, dos vales entre picos. Gosto da pausa, do freeze, do frame. Gosto de editar, de juntar, escolher, eleger e publicar. Não gosto de finalizar.

Não nasci para correr. Nasci para ficar. Um par de pernas aqui, um par de meias, acolá. Um par de óculos na cara e um desejo incontido de experimentar. Gosto de envelhecer e de ter o que contar. Mas não gosto de contar nem de reter. Gosto de dar.

O passado não me fascina, assim como o futuro não me apressa. Eu faço o meu tempo: cardíaco. Não sei quanto tempo.

O que ofereço é momento, movimento, ênfase, vontade, tesão. Meu amor é vermelho. Não é tão sentimental assim. Sou violenta emoção: tripas, nevralgias, paixões elétricas, como a guitarra de Wilko Johnson. Ouvi, de dentro de mim, certa vez, não sei quando, uma voz opaca e rouca, potente, mas densa e macia a me dizer: “Olha, nem sempre o tempo que você tem, bate com o tempo do relógio. Então, faça rápido”. Mas, olha, eu não faço mesmo.

Não tenho medo de morrer. Tenho medo de morrer e de não saber que morri ou de não ir para lugar algum. Eu quero ir para algum lugar, seja onde for. Quero chegar, ficar, sentar, compor, ler, escrever e rever os amigos. Quero morrer e ir direto para um bar, mas sem música ao vivo. Bar, com música ao vivo, pra morto, não funciona.

O tempo me dá um tédio louco. Eu tento entender o significado disso, ouvindo João Gilberto. Eu tenho a impressão de que o dia em que eu entender o tempo de João Gilberto, terei decifrado o enigma do relógio. Mas nem quero. João Gilberto é imortal. Como Mike Tyson, Xuxa e Zico.

Gosto de escrever assim, sem compromisso técnico com a interpretação de quem lê. Escrevo para esvaziar a cabeça do que tenho dentro dela agora, visando à busca pelo que me interessa: o vazio mental, profundo, cuja cor é mamão.

Leio, enquanto escrevo, a intrépida poesia falada de Fausto Fawccet.

Perfeita! Lúcida e copacabânica. Inveteradamente boêmia. As esquinas de Veneza parecem mais aquáticas, diante das imagens clorofórmicas da tequila evaporada. Chuva forte!

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