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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

terça-feira, 17 de junho de 2008

OS OLHOS DA ESCURIDÃO

ou... quando enxergar pode ser uma cilada

O movimento dos barcos confunde tanto quanto a linha do horizonte. Em determinado momento, o choque do petroleiro com o transatlântico parece inevitável e o escorregar dos dois para os limites do olho chega a dar medo, porque o que vemos quando a distância fleta todas as layers é apenas um desenho rabiscado em 2D.

Os túneis que o digam, n
os dias de sol. Ficamos cegos por instantes que lembram a eternidade, se a curva logo à frente reserva um caminhão tentando passar o outro. O segredo para enxergar é fechar os olhos um pouco antes de entrar na escuridão, mas se os caminhões estiverem logo ali...

Viver é interpretar sinais e não acordar todos os dias. Viver é cerrar os olhos e serrar os paradigmas. É ensaiar como João Gilberto. Eu não suporto a música de João Gilberto, mas ele sempre me vem aos exemplos. Por que será?

Estou reunindo cacos para entender a arqueologia. Historicamente somos fragmentos sujos, somos pó e ao pó tornaremos. Será? Mas como? Se somos pó, como tornaremos ao pó? Pó de ser, pó de crer, mas não creio. Acredito que nunca fomos pó, mas pós. Sempre pós alguma coisa que veio antes de nós. Talvez, daí, a escuridão, o 2D no infinito, as ilusões de ótica e os acidentes não acidentais nos túneis.

O ocidente prefere chamar de acidente o que, assim - olho por olho e dente por dente - acontece quando a gente menos espera. Não fomos aculturados para aceitar, receber ou entender a morte. Daí, que a morte, por mais inevitável que se confirme, nos permanece acidental. Mas morte é morte. Seja como for, jamais será um acidente. Morrer é o nosso único objetivo.

Não, não vou morrer porque me incomoda a finitude. Preciso me ligar a qualquer coisa que me eternize, que me sustente, pelo menos enquanto não morro. Não posso morrer. Tenho ainda muito pra fazer, filho adolescente, sonhos pra realizar, viagens a voar, mulheres a comer, todos pensamos nisso. Em não morrer.

Mas, morremos.

Porque somos pós e só pós, porque outros vieram antes e sempre, antes de nós. Quebrar a corrente, faria desabar a pirâmide e todos perderiam sonhos e dinheiro. O dinheiro - e não o sonho - move montanhas. Porque poder não temos nem para sonhar além do limite 2D.

Assim seguindo, segundo os ritos mais distantes dos que vieram antes de nós, durante nós, somos apenas nós, sós, a nos causar embaraços, laços e trompassos.

Do pré vêm as causas de nós, pós, os efeitos, digo, os defeitos. E seremos causas, quando formos como aqueles e 'aquios' que vieram antes de nós.

É mais ou menos isso que acho. Não sei. São impressões ao ver o mar batendo forte na praia e ao mesmo templo, tão aparentemente calmo nas bordas do planeta.

Sim, não... não contamos com o apoio imprescidível das declinações para que a 'filosofação' se torne ao menos digna, mas não sou digno de que ninguém entre em minha casa - porque minha casa está uma zona -, logo, minha alma não será salva.

Aprendi com o DOS, a meu contrário, que à vez em que a rotina é fundamental. Se o 'sistema' não lê a BIOS, se não conta a memória, se não carrega o config, não executa o bat. Mas aí é uma outra história, que nada, nada, nada e morre sempre na praia, por não ter tudo - e nada - a ver com os navios nem com o os meus olhos, incertos e profanos, ao olhar da criação do Criador.

Eu também creio/crio:

problemas, poemas, contos tontos, crônicas cínicas, resenhas ferrenhas, frases suaves, bobagens entupidas de pensamentos ermos e escuros.

Lá, no fundo do meu pensamento, vive o sentimento incrédulo de um ser apenas lúdico e canhestro. Um quixotesco Arthur a construir seus objetos de carpintaria imaginária. Lá, no fundo da caverna, eu, de olhos bem fechados, pelo menos, não caio em ciladas. Não enxergo petroleiros nem transatlânticos. Dos mares o melhor.

Chuva forte e tequila evaporada pra vocês.

Petrópolis, 17 de junho de 2008.

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