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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

domingo, 15 de março de 2009

AS LUVAS DO IMPERADOR

Meus olhos - bêbados de sono - cambaleiam por entre as frestas da persiana vertical, criando códigos de barras na minha cabeça dolorida e cansada de todas essas noites de vigílias inócuas, ancoradas em ampulhetas corruptas e cucos de péssimos caracteres, que adulteram suas horas cheias em troca de míseros dólares jamaicanos, cujos versos são sempre de jamaicanos, mas as frentes trocam de valor.

Ardem como fogo de incêndio em casa de tintas, avermelham-se como os lábios úmidos da paixão, lacrimejam como hoolingans - aspirando gas - no confronto direto com a polícia inglesa; mas procuro ainda pela tua silhueta amorfa, mesmo que seja dezembro e que nos dezembros mais sutis, as luzes que enfeitam as árvores desenfeitem a minha esperança, porque sem sombras não há você a caminho do nada.

Sinto fome, mas não como. Sinto sede, mas não bebo. Sinto vontade de chorar, mas não choro, porque aos poucos vou conseguindo vencer esse teu fantasma. Pelo menos nesse round eu o vencerei.

As 'Luvas do Imperador' estão em mãos inimigas e o Clero já mais nada pode fazer. De lá, todos se quedaram, sangrando até a morte ou entregando seus fuzis. Assinaram a rendição. Eu sei. Agacharam-se diante de Deus, eu vi, mas o perdão não estava mais ali. A persiana balança na direção da brisa e a brisa sopra o resto de ar que lhe resta nos pulmões. As luzes se apagam, os olhos descansam. A manhã virá, sem cerimônia, rasurar o medo com sua claridade estúpida e insensata.

Eu, inconformado e rebelde, me resigno e solto uma nota oficial à imprensa dizendo que, amanhã, quando a manhã entrar na tarde, quando todos os trabalhadores estiverem devorando suas bóias e quando os sinos derem 12 no relógio da Matriz, devolverei os mártires à vida, retirarei o pino de cada vagão, homenagearei você em toda a sua plenitude mental e devolverei as luvas ao imperador.

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