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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ESSE SEU DEDO MELADO DE LICOR

À vez, sinto vontade de sentar-me aqui e sair escrevendo minúsculas bobagens. Mas não quaisquer bobagens. Só bobagens gostosas, como por exemplo, descrever, sem parcimônia, os ínfimos detalhes que se escondem por entre os momentos mais íntimos de uma relação prazerosa, que só os mais apaixonados amantes vivem, a dois.


Transformar em palavras as torções e retorções das línguas molhadas, durante o beijo, pode ser um trabalho árduo, a consumir laudas e mais laudas, toques e mais toques, suores e arrepios do próprio escritor. Isso, sem contar os minutos, quem sabe horas, sem trégua, de texto corrido e escorrido, babado e rasurado por uma mordiscada aqui, outra ali, no lábio inferior.


Dito assim, em resumo, parece fácil, mas não é. Ao contrário, é o tipo do texto que pode ir se complicando com o passar do beijo e, com certeza, há leitores na sala que não vêem nem acham a menor graça no assunto.


Comentei sobre o meu desejo, ainda hoje, a tarde, com uma moça que conheço. Ela me pareceu bastante impactada pelo tema, mas não economizou nos alertas. Disse-me ela que muita gente lê o meu blog e que tal assunto poderia não causar boa impressão.


A bem da verdade, escrever sobre o beijo é apenas um exemplo, não mais do que isso. Eu poderia discorrer sobre a solenidade de um momento único, como o de dois corpos nus, sentados de frente, um para o outro, a dividir uma posta de namorado com puré, arroz e legumes cozidos ao vapor. Claro que é uma bobagem, mas é sobre bobagens que eu queria escrever. Aliás, queria não, ainda quero. Mas não vou.


Só pra não parecer papo de garoto idiota que foi ao motel pela primeira vez com a namorada, o texto sobre os corpos nus jamais teria como foco os corpos, nus, mas a total ausência do desejo sexual, durante a refeição. Não parece interessante?


Então tá, não escrevo.


Mas eu ainda quero e um dia vou escrever umas bobagens desse tipo.


Por enquanto, preciso me disfarçar em desculpas para não fazê-lo, posto que há, segundo a moça, olhos outros, que me lêem às entrelinhas, sem perceber ou discernir que, quando escrevo bobagens, são elas, as entrelinhas, em carne e osso, que se encontram descritas ali.


Ok, não escrevo.


Mas, que fique claro que escrever sobre isso, não só não me sai da cabeça, como sei que vai me forçar a ficar rodando e rodando e rodando como um carrossel descacetado ou como uma metralhadora giratória, em busca de outra idéia que me encha o espaço mental.


Afinal de contas, nem sempre estou com vontade de escrever só sobre bobagens.


E, então, me pergunto a mim mesmo, o que fazer diante do desafio de sentir vontade e não ceder à tentação, se Lord Henry me disse que o único jeito de a gente resistir a uma é exatamente ceder a ela?


Quer mesmo saber?


Nada.


Por mais que eu desvie a cabeça do pensamento 'u', você insiste e me reaparece em visão 3D, enroscada como um rocambole, toda lambuzada com o creme de uma bomba da Chez Anne, sussurrando bobagens (deliciosas, como o creme das bombas da Chez Anne), nas minhas visões mais pepsicodélicas, em uma suíte transdimensional, versão 3.0.


Ora, meu Deus, será justo um ser do bem como eu ficar exposto ao sol da censura social, sem ter, ao menos, o direito de lançar mão dos truques e dos atalhos da vida, que me poderiam salvar deste cruel patrulhamento?


Que patrulhamento?


E vocês ainda perguntam?


Se não sabem, saibam que a pior de todas as formas de censura; a que nos acomete do mal inconsciente do peso na consciência; a que nos impõe o agir de forma "politicamente correta" é a tal da patrulha ideológica, ora bolinhas (como dizia a minha quase-prima maravilhosa e deliciosamente sensual).


Ser politicamente correto é como piscar o olho para a mulher alheia, mas sem permitir, jamais, que mais alguém veja, a não ser, é claro, a própria mulher, já nem tão mais alheia assim.


É roçar a perna na perna da mulher do próximo, sem que o próximo perceba nada e nem sinta os arrepios que sobem e devassam as bochechas enrubescidas da mulher já não tão próxima.


O politicamente correto é príncipe dos atos de cafagestagem. E, no entanto é o que mais se vê por aí.


Tudo que faço na vida, faço às claras, sem rodeios. Não roço minhas pernas em pernas alheias e sim nas pernas da minha mulher. Não pisco olho nem mando bilhetinhos, via garçom, para mulheres acompanhadas. Mas posso combinar com a minha doce companheira, de me retirar da mesa por breves instantes e pedir ao garçom, à distância, que lhe entregue o meu cartão junto com uma garrafa de champagne. Charme puro, de altíssimo nível.


Hoje vi um vídeo sobre o pálido ponto azul que somos no universo. Nós, não, a Terra, planetinha irrelevante esse, diante do todo. O filme me mostrou o quanto somos ainda mais ridículos quando nos odiamos, brigamos, batemos, apanhamos, matamos, invadimos, guerreamos, como se tivéssemos algum poder.


Não somos mais que nada. Nada mesmo. Absolutamente nada.


Resta-nos, por força da mais óbvia dedução, o viver a vida com amor, o namorar com prazer verdadeiro, o sexo e... o exercício legítimo de escrever bobagens.


Intimamente, sinto inveja dos escritores eróticos que, sem nenhum pudor, escrevem aqueles íntimos detalhes que transformam uma relação banal entre um homem e uma mulher em uma relação @#dona, entre um homem e uma mulher.


Eu queria ser, nesse momento, qualquer um deles - homem ou mulher - que experimenta a liberdade de escrever sobre todas as bobagens do amor, como Henry Miller, Mario Vargas Llosa, Mark Twain, Rei Salomão, Marquês de Sade, Marie Darrieussecq, Nathalie Gassel, Ovídio, Catulo, Sextus Propertius, Safo, Petrarca, Dante, Bai Juyi, John Wilmot, Vanessa Duriès, Nancy Sexta, Henry Spencer Ashbee, Catherine Millet, Georges Simenon, Nick Scipio, Nicolas Chorier, Patrick Califia, Pauline Réage, Penny Birch, Philippe Djian, Sombra Parker, VlaStephen Vizinczey, Susie Bright, Sylvia Dia, Tamara Thorne, Vladimir Nabokov, Wendy Swanscombe, William Levy, William Simpson Potter, Yasunari Kawabata, Yukio Mishima, Yoko Ogawa, Ivan Barkov, John Cleland, José Zorrilla y Moral, Laura Antoniou, Leopold von Sacher-Masoch, Zane, ]ilhana, Yashodhara, Kokkoka, Kalyanamalla, Praudha Devaraya, Ovídio, Ge Hong - Dinastia Jin, Muhammad ibn Muhammad al-Nafzawi, Al Steiner, Alexander Pushkin, Alexander Trocchi, Alina Reyes, Anaïs Nin, Ana Ferreira, Wilhelm Jensen, Ana Miranda, Anna França, Anne Rice, D. H. Lawrence, Emmanuelle Arsan, Erica Jong, Françoise Rey, Gaspare B. Amidei, George Moore, Georges Bataille, Giovanni Boccaccio ou Xaviera Hollander e sair rasgando, um por um, todos os manuais de boas maneiras, escancarando aos quatro cantos da Terra, que somos sedutores, sim, mas por instinto e por genética. Não por amoralidade ou imoralidade.


"Há vez em que me pego enquadrando o seu rosto no meio do nada,
em busca de não sei o que, só para fotografá-la como é,
assim, solta, sem qualquer fantasia, numa fantasia sem fim".


Se eu decidisse escrever o meu texto sobre bobagens, ele começaria assim.


Mas vou respeitar o público (Respeitável Público) que sobrevoa o meu Blog em busca de carne fresca. Não me importo, porque está tudo na bandeira.


"Está tudo nas entrelinhas das entrelinhas,
nas sombras do decote, nas curvas das suas costas.
Está tudo nos letreiros e nas vitrines,
nos pensamentos e nos desejos mais mundanos.
Está tudo aqui dentro, de mim e de nós,
o tempo todo, pronto para explodir
como uma bomba da Chez Anne
ou como um orgasmo de chocolate".


E, se você não faz questão do chocolate, tudo bem.


"Eu lambo esse creme
como se ele fosse o seu dedo,
melado de licor".


It's Showtime, Folks!

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