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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ENTÃO VAMOS BRINCAR DISSO

Olhando, atônito, a tela deste quadro desgraçado, na região serrana do Rio de Janeiro, reflito sobre o que é estar vivo. Ou melhor, sobre o que é não estar.

Já escrevi inúmeras vezes aqui que sou um cara que tem fé, que acredita, que faz tudo que faz com uma vontade de acertar, de certa forma, pelo que vejo por aí, até incomum. Não sou melhor nem pior do que você. Não sou mais esperto nem mais bobo. Sou o que sou: eu.

E porque não abro mão da minha individualidade, volta e meia me pego sozinho, tanto na plenitude da felicidade quanto na do desespero, sem saber o que fazer, por onde ir. Ir ou não ir? Sei lá.

Faz tempo que nem passava por aqui, pelo Blog. Acho que desde o post aí de baixo, que fala de Dona Marcia. Foi-se o namoro, selou-se, no entanto, uma amizade profunda, espessa, pragmática, sim, às vezes, mas jamais dogmática. A gente é colorido no sorriso e preto & branco nas conclusões. A gente se dá bem, melhor ainda, acho que por isso.

Rola uma enorme afinidade, misturada com a cumplicidade dos vira-latas com os bebuns da madrugada.

No entanto, nessa eu fiquei sozinho e acho que vou permanecer sozinho, distante, no escuro total da minha impotência humana, até achar, dentro de mim, é claro, uma resposta.

Não há Marcia, Carla, Sandra, Andréa, Christina, Cássia ou Virgínia que dê jeito nisso. O estado de choque é só meu. Sem ninguém pra contracenar, pra dividir um sentimento que já, de tão fragmentado, se tornou irrepartível, indivisível.

Já me acusaram - taxaram, sei lá - de ser um Humanista fora da época; de ser um Existencialista improvisado e outras coisas meio sem sentido, que de repente, agora, passam a fazer todo sentido dentro de mim.

Eu estou atônito, paralisado, imbecilizado.

Religiosamente falando, não sou nada, ou melhor, sou Flamengo. Quem me ler em posts mais antigos - ou bem mais antigos - vai me perceber assim e concordar, se não comigo, com a minha afirmação.

Mas eu sempre fecho com o "Bem". Sempre.

Posso ter - e tenho - alguns milhões de defeitos e, talvez, apenas uma qualidade. Mas essa qualidade, eu garanto, é ser um cara do "Bem". E me basta. Ou me bastou, até agora. Daqui pra frente, não sei.

Estou chocado.

Moro em Petrópolis a cerca de sete anos. Já vi chover canivete aberto. Recentemente o granizo e o vento explodiram o vidro da janela lá de casa. Molhou tudo. Foi uma encrenca. Mas, tudo bem. Normal. Nada demais. Não dá nem pra pedir ajuda Divina numa hora dessas, porque vidros foram feitos para quebrar.

Podem levar uma vida inteira e podem até não quebrar. Mas, assim como ultra-leves, asas-delta, besouros e helicópteros não foram feitos para voar, vidros foram feitos para quebrar. Por isso, nem ousei apertar o botão que aciona o pedido de socorro Divino.

Mas isso... caraca!!!... isso é brincadeira.

É como pedir a Deus que nos ajude a salvar o casamento falido; a manter o emprego inexoravelmente perdido; a conseguir a casa própria.

Deus não tem nada com isso.

Afinal de contas, se eu creio mesmo na existência onisciente, onipresente e onipotente de Deus, não posso crer que Ele vá interromper o que está fazendo de realmente importante, para evitar que o vidro da janela se parta ou para curar minha dor de cabeça abstecida pela péssima alimentação.

Se eu conseguisse pensar ou sentir assim, com certeza abriria mão de crer em Deus, porque Deus não seria confiável. Pelo menos eu acho isso.

Mas.................................

Meu Deus, por que? Porque não pegar aquele Seu 'dedo enorme'... é, aquele mesmo, de pedra, que fica lá no alto da serra e dar um peteleco na nuvem, mandando-a de volta para o Oceano Atlântico?

Tudo bem, tudo bem, Senhor, as pessoas que moram nos morros, nas encostas, nas proximidades das áreas de risco estão assumindo esse risco. Tudo bem, eu sei e até concordo. Mas idosos e crianças?

Qual é a regra? Tem regra? Tem regulamento?

Poxa, me ensina a brincar disso, vamos brincar disso. Me ensina como se joga esse jogo e eu prometo que fico lá, o tempo todo, atento, só pra não ter que ver, de novo, o que estou vendo. Nem passar pelo que estou passando.

Quem sabe, esse jogo eu aprenda, já que a lógica do jogo das guerras eu não consegui. Quem sabe, eu consigo aprender e aí, em vez de sofrer, me divirto?

Deus, na boa, sabe qual é a minha vontade? A minha vontade era me aparelhar como um Rambo e sair por aí, como um justiceiro, matando um por um desses canalhas, desses caras que permitem tudo em troca de voto.

Quem diria, né Senhor? Logo eu, um cara que se diz e "se acha" do "Bem".

Na moral, Deus, o que foi que houve? Cochilou? Dormiu? Desistiu da gente? Resolveu colocar em prática, de novo, aquele plano do Livro de Gênesis? É isso mesmo? 'Duela a quien duela'?

Eu estive lá, um ou dois dias antes do inferno. Não em Friburgo nem em Terê, que sofreram um estrago atomicamente maior. Eu estive em Petrópolis.

No dia do "juizo final", no entanto, por acaso, eu estava no Rio. E continuo por aqui.

Sei lá por que e nem pra que?

Faz sentido?

Será que faz algum sentido encarar o espelho e dizer-me para mim: "Graças a Deus, eu não estava lá"?

Como assim?

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