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Petrópolis, Rio de Janeiro, Brazil
Sou um homem comum, carioca, nascido em 12 de outubro de 1954, portanto, com 59 anos, 4 casamentos e até agora, nenhum funeral. Antes de tudo, sou Flamengo. Em seguida, radialista - Cidade, Fluminense, Panorama, Imprensa e (webradios) Radiovitrola e Radionavaranda. Criei, produzi e apresentei os programas Revolution, na Flu; Os Vizinhos Que Se Danem, na Panorama; Radionor Tum Tum, na Radiovitrola; e Pelo Telefone, com Carlos Savalla, na Radionavaranda. Publicitário: redator (criativo,como chamam por aí), consultor de marketing e de planejamento. Fiz parte da equipe de criação e produção do Rock in Rio I, na Artplan, Baterista, letrista, compositor, produtor, roteirista de espetáculos, diretor artístico e de shows, produtor musical e artístico. Finalmente, sou canhoto e, segundo o meu filho, um ótimo pai. Só isso me bastaria.

domingo, 16 de junho de 2013

DESCADÁVERES


De vez em quando lembro do Raul. Agora, por exemplo.

De suas atitudes, mais do que de suas canções; das suas ironias, bem mais do que de suas poesias. Aliás, não são tantas as letras só dele. Mas isso não vem ao caso.

Eu ando repensando.

Tudo?

Não sei. Acho que não. Mas repensando a minha vida. Lembro que, aos 58 anos, meu pai, apesar de intempestivo e inquieto, era um "senhor de idade" (ihhh, esse já foi um nick meu, bastante polêmico e rentável, por sinal) e não um herdeiro de Keith Richards ou do Mick Jagger. 

Sinceramente, eu não me sinto nem um pouco, um nem outro. Sinto-me, sim, em cheque. Posto à prova, diante e sobre tudo que ainda quero e não quero mais. Diante do que realizei e, por outro lado, da dúvida sobre se, realmente, ainda existe algo realmente relevante a realizar.

E lá vêm os seres graves e os agudos a me diagnosticar como "deprimido". Não, não estou deprimido. Estou apenas pensando e refletindo sobre a ironia e o sarcasmo do Raul. Mas é claro que poderia ser sobre a ironia e o sarcasmo do meu compadre Paulinho, cujo sobrenome não vou revelar por tratar-se de pessoa pública e relevante à sociedade. Ou, sobre a minha própria ironia e sobre o meu próprio sarcasmo. Acho que posso fazer isso, sem problema. Certo?

Bulshit! O que importa é que ando me repensando. E isso é tudo.

A lógica cartesiana nunca me serviu e, definitivamente, tenho certeza, não me serve mesmo. Ao contrário, só me embaça. E o pensamento filosófico, por sua vez, já não me diz quase nada. Sócrates morreu de cirrose e nada mudou.

É aí que me vem o que me resta: lembrar do Raul e reverenciar o seu "tanto faz" emblemático e preciso. Raul tinha um paladar amargamente doce. Insincero, sempre, mas de uma eficácia cirúrgica e de uma eloquência dramaticamente canastrona indubitavelmente adoráveis.

Raul foi simplesmente o máximo no nicho dele. Talvez Wilde, mas acho que nem ele.

Tenho repensado, principalmente, o que está em standby na minha vida, hoje.

A obra dos Eltonjohns, ainda persistentemente inédita; o, de fato e de direito, lindíssimo e elogiadíssimo musical "Na Lapa, De Paletó", escrito com Amaury Santos; o programa que faço há quase 3 anos, premiado (por ser ruim?), pela APCA, como o melhor programa de rádio na Internet, em 2012; o livro "As Luvas do Imperador", que comecei a escrever há uns 5 anos e larguei de lado; este Blog, abandonado ao relento... Tantas coisas. E todas relevantes, irrelevantes ou não.

Claro que todos são projetos vivos e claro que vou levá-los adiante. Quando? Não sei. É exatamente este o motivo do repensamento... rsss.

Acredito que vai ser agora, até porque, se não for, não vou hesitar em mandar tudo pro saco. Estou pensando em subir a serra, na segunda-feira e desencaixotar cada um desses descadáveres, sacodir-lhes a poeira, passar-lhes um paninho e... Apostar no escuro? Claro que não.

Cada um deles terá que me provar que ainda merece mais do que 2 minutos da minha atenção. E pela última vez, porque os prazos de validade estão no limite.

Afinal de contas, como diz o saudoso, velho, bom e insubstituível Raul: "Quando o cachorro não aguenta mais as pulgas, se livra delas num sacolejo".

E não é?

Pra fechar a tampa, porque o defunto vai mesmo descer, aqui vai uma outra letra do Raul. Uma letra que sempre me disse muito e continua me dizendo muito. Que me perdoe um ou mais eventuais parceiros, por ventura – ou desventura - aqui suprimido. É que o carisma do cara é, ainda, tão grande que me faz esquecer de um monte de coisas.



Meu Amigo Pedro
Raul Seixas


Muitas vezes, Pedro, você fala
Sempre a se queixar da solidão
Quem te fez com ferro, fez com fogo, Pedro
É pena que você não sabe não
Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro
Pedro as coisas não são bem assim

Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno
Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Tente me ensinar das tuas coisas
Que a vida é séria, e a guerra é dura
Mas se não puder, cale essa boca, Pedro
E deixa eu viver minha loucura
Lembro, Pedro, aqueles velhos dias
Quando os dois pensavam sobre o mundo
Hoje eu te chamo de careta, Pedro
E você me chama vagabundo

Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Todos os caminhos são iguais
O que leva à glória ou à perdição
Há tantos caminhos tantas portas
Mas somente um tem coração
E eu não tenho nada a te dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde você vai eu também vou

Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou





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